Estadão Conteúdo - Um debate jurídico se instaurou sobre a decisão do Senado Federal de fatiar a pena de impeachment de Dilma Rousseff, o que culminou no afastamento da petista do cargo de presidente da República, mas manteve seu direito de ocupar funções públicas.

Em livro, o presidente Michel Temer (PMDB) já havia se posicionado sobre a questão, defendendo que a perda do cargo e a inabilitação são penas distintas.

LEIA TAMBÉM » Temer reclama de mudança de voto de aliados e diz: “Agora nós não vamos levar ofensa para casa” “O art. 52, parágrafo único, fixa duas penas: a)perda do cargo; e b) inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública.

A inabilitação para o exercício de função pública não decorre de perda do cargo, como à primeira leitura pode parecer.

Decorre da própria responsabilização.

Não é pena acessória”, escreveu Temer em “Elementos de Direito Constitucional”, livro que foi publicado pela primeira vez em 1982.

Na interpretação jurídica de Temer, que é advogado, a inabilitação não é um efeito da perda do cargo de presidente, mas uma pena separada.

Dessa forma, seria possível que fossem realizadas duas votações separadas, embora o presidente não diga isso explicitamente em seu livro. » “Parece que são grupos mínimos”, diz Temer sobre protestos contra impeachment » Como se não tivesse participado do governo Dilma, Temer diz que recebeu País em crise O PMDB, partido de Temer, foi o principal responsável pela manutenção dos direitos de Dilma Rousseff.

Após a votação que afastou definitivamente a petista, 10 de 19 senadores da legenda votaram contra a inabilitação e outros dois se abstiveram, posicionamento que favorece a presidente.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez uma defesa pública da manutenção dos direitos de Dilma na hora da votação.

O líder da bancada, Eunício Oliveira (PMDB-CE), também teria participado das negociações para livrar a presidente da inabilitação.