A delegada Gleide Ângelo confirmou, na tarde desta terça-feira (30), que o empresário Paulo Cesar de Barros Morato cometeu suicídio.
Morato era o único foragido da Operação Turbulência e foi encontrado morto em um motel em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, em 22 de junho, um dia depois que a ação foi deflagrada pela Polícia Federal.
Para a delegada, a motivação foi o “desespero” por saber que estava sendo alvo de um mandado de prisão preventiva e a vergonha, já que seus amigos e familiares não sabiam sobre o esquema de desvio de dinheiro investigado na operação.
Morato é apontado como “laranja” na organização que teria desviado dinheiro da Petrobras e das obras da Transposição do Rio São Francisco e feito o “branqueamento” de recursos para campanhas do ex-governador Eduardo Campos em 2010, então para a reeleição à gestão estadual, e 2014, quando morreu vítima de acidente aéreo durante a disputa presidencial.
A investigação foi iniciada pela Polícia Federal para apurar a compra do avião usado por ele há dois anos.
LEIA TAMBÉM » MPF diz que Eduardo Campos era ‘cliente’ de esquema operado por denunciados » Morato tinha função de movimentar dinheiro de esquema da Operação Turbulência, aponta MPF De acordo com depoimentos e com os registros do telefone de Morato, ele não dormiu em casa na noite anterior e, por isso, não foi encontrado quando os policiais federais chegaram no dia 21 de junho, pouco depois das 6h.
O empresário havia se separado da esposa, com quem foi casado por 26 anos, cerca de quatro meses antes e estava morando com um amigo e com o filho dele no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife.
Segundo a delegada Gleide Ângelo, passou o fim de semana na casa da namorada, em Caruaru, no Agreste do Estado.
Já no domingo, teve dificuldade para dormir e chorou.
Na segunda-feira, um dia antes da deflagração da Operação Turbulência, passou em casa apenas para pegar objetos pessoais. » MPF diz que ‘organização criminosa’ usou rede de postos de gasolina para lavar dinheiro » Celular e Ipad deram pistas para desvendar rede de relacionamento e empresas fantasmas da operação da PF O amigo que vivia com o empresário afirmou que recebeu uma ligação dele por volta das 7h pedindo que levasse roupas dele para o trabalho, em Peixinhos, em Olinda, onde passaria duas horas depois. Às 9h40, Morato passou para pegar as roupas e desligou o celular, segundo a polícia.
Segundo a polícia, Morato já havia tentado se matar em março do ano passado, dois meses antes de ser ouvido pela primeira vez pela Polícia Federal em Brasília.
Gleide Ângelo relatou que ele foi encontrado pela filha passando mal no apartamento de um amigo no bairro da Boa Vista, na área central do Recife.
Depois, teve tratamento psiquiátrico indicado por um médico, mas não quis seguir a recomendação. » Empresa de terraplenagem não tinha sequer um caminhão em seu nome Embora tivesse seu nome à frente da Câmara & Vasconcelos, empresa fantasma envolvida no esquema investigado pela Operação Turbulência, Morato estava endividado.
Esse seria o motivo apontado por ele para a primeira tentativa de suicídio. » Apontado como líder de esquema, João Carlos Lyra tem apenas R$ 7 na conta » Securitizadora de crédito também foi usada para movimentar recursos clandestinos em esquema fraudulento, diz MPF