Sete pen drives e três telefones celulares foram apreendidos no motel onde o corpo do empresário Paulo César de Barros Morato foi encontrado, há dois meses.

O material foi analisado pela Polícia Federal, à frente da Operação Turbulência, que o tinha como alvo e único foragido.

Os laudos dessa apuração estão também anexados ao inquérito de 536 páginas conduzido pela delegada Gleide Ângelo, da Polícia Civil, sobre a morte dele, concluindo que houve suicídio.

A investigadora afirma, porém, que as mídias nos dispositivos eram apenas músicas.

Os registros das ligações telefônicas de Morato puderam, no entanto, esclarecer à delegada por onde ele passou enquanto a ação da PF era deflagrada, em 21 de junho, quando quatro pessoas foram presas acusadas de integrar um esquema de lavagem e desvio de recursos da Petrobras e das obras da Transposição do Rio São Francisco, parte dessas verbas supostamente para as campanhas do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) em 2010, então para a reeleição à gestão estadual, e em 2014, quando morreu vítima de acidente aéreo.

A Turbulência foi iniciada para apurar a compra do avião que caiu durante a disputa presidencial, matando o socialista e outras seis pessoas.

LEIA TAMBÉM » Polícia Civil confirma que Morato se matou » Veja os detalhes da investigação sobre a morte de Morato De acordo com a promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) designada para o caso, Rosângela Padela, havia mensagens e ligações para amigos e familiares.

A última ligação de Morato foi por volta das 9h40 de 21 de junho, quando a PF ainda trazia de São Paulo dois dos presos - João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite, apontados como líderes da organização investigada.

De acordo com a delegada Gleide Ângelo, ele entrou em contato com o amigo com quem morava para pegar roupas.

O empresário não dormiu em casa, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, e havia ligado pela primeira vez às 7h25, pedindo que ele levasse a mala para o trabalho, em Peixinhos, bairro de Olinda.

Esse amigo afirmou em depoimento que não sabia que Morato era alvo de um mandado de prisão preventiva e disse que foi informado pelo filho, que vivia com os dois, sobre a Turbulência. “Os amigos estavam tentando conseguir um advogado, mas ele não teve o equilíbrio de esperar”, afirmou Gleide Ângelo.

O empresário estava separado da esposa, com quem foi casado por 27 anos, havia cerca de quatro meses.

Com o divórcio do amigo, os dois passaram a dividir as despesas de uma casa.

Morato estava endividado e, segundo a polícia, se queixava disso.

Esse teria sido até o motivo de outra tentativa de suicídio, em março de 2015, dois meses antes do primeiro depoimento à Polícia Federal, em Brasília.

Com recomendação médica para que fizesse tratamento psiquiátrico, se mudou com a esposa de Tamandaré, na Mata Sul, para Pau Amarelo, na Região Metropolitana.

Não chegou, entretanto, a seguir a orientação.

No fim de semana anterior à sua morte, Morato estava em Caruaru, no Agreste, com a namorada e, segundo o depoimento dela à polícia, chorou muito.

A delegada afirmou que, além das dificuldades financeiras, o empresário tinha traumas como ter sido abandonado pela própria mãe aos 6 anos.

Não foi dito por onde Morato passou nas duas horas e meia que levou desde o encontro com o amigo até a chegada ao motel onde foi encontrado morto.

Não se sabe também a que horas ele morreu.

Foram encontrados três embalagens do veneno conhecido popularmente como ‘chumbinho’, substância encontrada no corpo dele. “Chumbinho é proibido? É.

Mas infelizmente ainda é vendido”, afirmou Gleide Ângelo.

Diante da conclusão do inquérito, a promotora Rosângela Padela deve pedir à Justiça o arquivamento do processo.