Um dia depois de a presidente falar no Senado, negando as pedaladas, no Senado, em entrevista à Rádio Jornal, no Recife, nesta terça-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, relator das chamadas pedaladas fiscais do governo Dilma, disse que em julgamento marcado para o próximo mês o órgão de controle vai ‘criminalizar as pedaladas’, julgando os funcionários públicos que deram curso aos mecanismos e artifícios fiscais julgados no Senado.
Ele disse que o TCU vai definir no fim de setembro os responsáveis pelas pedaladas fiscais originais, praticadas ainda em 2014.
O ministro afirmou ainda que ocorrerá no início de outubro o julgamento das contas 2015 de Dilma.
De acordo com Múcio, no fim de setembro a Corte de Contas vai definir os responsáveis pelas pedaladas fiscais.
São 17 autoridades na lista de possíveis responsáveis, como os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento e Fazenda), além do ex-secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin – pai da chamada “contabilidade criativa”. “É a responsabilização.
Foram ouvidas 17 pessoas pela área técnica do tribunal.
Foi feita uma oitiva, eles fizeram suas defesas.
E nós vamos dizer, daquelas 17, se foi tirado um grupo e ficam 10, ou se desses 10 ficaram mais alguns”, explica. “É a criminalização das pedaladas.
Desses ‘problemas cabeludos’, é o mais próximo”, explicou, na Rádio Jornal nesta manhã.
Críticas à Dilma O ministro do TCU também comentou o depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff na sessão de julgamento do impeachment no Senado.
Ele fez duras críticas à postura de Dilma. “Eu não sei nem se eu poderia estar dizendo isso, mas nós estamos passando por uma crise de temperamento de uma pessoa claramente não vocacionada para a vida pública.
Eu lamento muito a gente ter chegado nisso”.
Sobre a eleição da presidente Dilma ele ainda resumiu “ela foi fruto de uma estrutura montada pelo presidente Lula que a elegeu”, afirmou, depois de questionado sobre como se sentia ao ver a defesa que Dilma fez no Senado, negando as pedaladas.
O ministro do TCU falou em vaidade, soberba, falta de humildade, excesso de autoridade. “Ela resolveu enfrentar a área técnica da Controladoria do Governo e deu no que deu”.
José Múcio disse, no ar, que Dilma não aceita ser questionada, censurada e orientada. “Se ela tivesse humildade e dissesse que errou, talvez as coisas fossem diferentes.
Mas, por mais doloroso que seja para a democracia, cometeu-se um crime e isso está na constituição.
Quem está perdendo muito é a democracia brasileira” lamentou.
Na opinião do ministro, o Tribunal de Contas da União sai dessa história com o tamanho que ele tem de fato e agora mais conhecido pelas pessoas. “O Tribunal de Contas tem um papel fundamental, é como o contador da empresa.
Você não pode botar a culpa no contador pelo fato de sua empresa estar quebrada".
José Múcio detalhou o procedimento das pedaladas. “Vou dizer uma coisa que não disse ainda a ninguém…
O pessoal da equipe de advogados de Dilma só foi buscar as contas faltando três dias pra vencer o prazo, pediu mais 30 dias, o TCU deu, e quando ia vencer os 30 dias a AGU deu um documento dizendo que estava devendo a ela alguns documentos que não foram dados e precisava de mais 15 dias”.