A declaração do voto do senador pernambucano Armando Monteiro (PTB) contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), já na noite desta terça-feira (30), foi uma retomada da proposta de reforma no regime fiscal no País, mas também uma crítica ao sistema político.

O petebista, que é ex-ministro do segundo mandato de Dilma, reclamou de “disfunções do nosso presidencialismo de coalizão”, que, para ele, foram a origem do impeachment.

O partido de Armando tem posicionamento contrário ao dele, se declarando contra a presidente. “A fragmentação partidária, o desprezo pelas diretrizes programáticas das siglas e a prevalência de interesses fisiológicos geram um imenso custo à governabilidade do país”, apontou Armando Monteiro.

Assistindo ao pronunciamento do parlamentar da Mesa Diretora, que fica ao lado da tribuna, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acenava positivamente com a cabeça.

ENTREVISTA » Contrário ao impeachment, ex-ministro Armando Monteiro admite que chance de reverter processo é remota Armando Monteiro defendeu ainda que há controvérsias inclusive entre juristas se a abertura dos créditos suplementares nos três decretos e as chamadas “pedaladas fiscais” são crimes de responsabilidade fiscal. “Caso se queira ou se busque imputar, deve-se observar o princípio da razoabilidade.

Não se pode haver tamanho descompasso entre a gravidade da denúncia que se pretende punir e a penalidade que se pretende aplicar”, afirmou o pernambucano. “A denúncia está indisfarçavelmente embalada por questões de natureza política.” Para o senador, esses impasses políticos influenciaram também a crise econômica. “Não tenho dúvida que a crise política afetou de forma grave o desempenho da economia”, pontuou.

Armando Monteiro elogiou a gestão de Dilma, ressaltando que em 2015 houve um contingenciamento de gastos e ações como mudanças em benefícios como o seguro-desemprego e o auxílio-doença.

O parlamentar afirmou ainda que o governo enviou ao Congresso um projeto de lei propondo limitação do crescimento dos gasto públicos. “Há um clima de confrontação e radicalização, com o interesse maior de garantir o avanço do processo de impeachment”, disparou.

LEIA TAMBÉM » No julgamento de Dilma, Armando Monteiro defende novo regime fiscal » Humberto Costa: Se Dilma cometeu crime, Congresso foi conivente Armando Monteiro concluiu sua fala prevendo dificuldades econômicas com a crise econômica e defendendo que o Congresso tenha uma agenda de reformas. “Mais do que o episódio do impeachment, nós temos uma crise de graves proporções”, disse. “O Congresso Nacional terá acrescidas responsabilidades após o término desse processo de julgamento, qualquer que seja seu resultado.

A saída ocorrerá necessariamente pelo controle dos gastos públicos.

Além da agenda fiscal, o Congresso deve se concentrar no avanço de medidas que incentivem os investimentos em infraestrutura, ampliem as exportações e promovam um salto na produtividade”, sugeriu. “A política é o exercício da esperança, mas temos que lembrar que as questões mais desafiadoras estão longe de ser resolvidas.

Até que o futuro desminta esse mal presságio do presente”, concluiu.