Insultos e bate-boca no Senado deixaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente da sessão final do impeachment, Ricardo Lewandowski, visivelmente irritado nesta sexta-feira (26), segundo dia da sessão que julga o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
O clima pouco amistoso na Casa deixa claro que de nada valeu o apelo do presidente STF para que os senadores deixassem as paixões partidárias de lado e agissem com “isenção”, como “verdadeiros juízes”.
Logo no início do julgamento, nessa quinta-feira (25), insultos como “assaltante de aposentado”, “cheirador”, “sujo falando do mal lavado”, “canalha”, foram proferidos.
Em algumas ocasiões, Lewandowski teve de intervir de maneira mais abrupta. “Calma, quem decide aqui sou eu.
Desculpem”, disse o ministro ao interferir em uma discussão entre os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Simone Tebet (PMDB-MS).
Já nesta sexta, uma confusão envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e parlamentares petistas fez o ministro do Supremo e presidente da sessão final do impeachment, Ricardo Lewandowski, antecipar o almoço.
Veja os momentos em que, até agora os senadores realmente baixaram o nível: SEM MORAL?
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Tudo começou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) questionou: “Qual a moral tem esse Senado para julgar a presidente Dilma?” “NÃO SOU ASSALTANTE DE APOSENTADO” Foto: Geraldo Magela/Agência Senado A fala da senadora gerou a reação dos que defendem a saída de Dilma. “Eu exijo respeito ao decoro.
Eu não sou assaltante de aposentado”, bradou Ronaldo Caiado (DEM-GO).
O marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser preso na Operação Custo Brasil durante investigação que apura supostos desvios vindos de contratos de crédito consignado de servidores públicos federais.
Gleisi devolveu na mesma moeda: disse que Caiado explora trabalho escravo em suas fazendas. “CANALHA” Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado O senador Lindbegh Farias (PT-RJ) levantou-se e, com o dedo em riste, gritou com Caiado: “canalha” e disse que o democrata teria relações com o jogo do bicho em Goiás. “Demóstenes é que sabe da sua vida”.
O ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) perdeu o mandato por ter ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Demóstenes diz que a campanha de Caiado foi financiada pelo contraventor.
Caiado respondeu: “Abaixa esse dedo que você só tem coragem aqui, na frente de uma câmera.
Vai fazer seu antidopping.
Fica cheirando aqui, não!”, afirmou. “SUJO FALANDO DO MAL LAVADO” Foto: Moreira Mariz/Agência Senado Outros insultos e pérolas foram ditos nestes dois dias de Julgamento. “Eu nem sou do PSDB, nem sou do PMDB, mas aqui é o sujo falando do mal lavado, é a lata e o lixo”, disse Magno Malta (PR-ES). ‘DESQUALIFICADO’ Foto: Geraldo Magela/Agência Senado O primeiro bate-boca desta sexta começou quando o senador petista Lindbergh Farias pediu a palavra e atacou Ronaldo Caiado que lhe antecedeu. “Esse senador que me antecedeu é um desqualificado.
O que fez com senadora Gleisi é de covardia impressionante, dizer que tentou aliciar testemunha”, afirmou o petista.
Na sequência, Lewandowski alertou Lindbergh. “Não posso admitir palavras injuriosas dirigidas a qualquer senador.
Vou usar meu poder de polícia para exigir respeito mútuo e recíproco.” ‘CRACOLÂNDIA’ Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Caiado respondeu fora dos microfones.
Disse que Lindbergh tem mais de 30 processos no STF e “cracolândia em seu gabinete”.
Como o tumulto continuou, o presidente do STF pediu que os microfones fossem desligados e a sessão suspensa por cinco minutos.
BURRICE Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado A sessão foi retomada com o apelo feito pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que até agora não tinha se manifestado.
O peemedebista começou pedindo para que os senadores reduzam as questões de ordem repetidas, mas esquentou o clima ao lembrar da declaração de ontem, feita pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que provocou o primeiro grande tumulto do dia. “Esta sessão é uma demonstração de que a burrice é infinita.
A senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer que o Senado não tem condição moral de julgar a presidente”, afirmou.
Renan chegou a afirmar que o Senado estava passando para a sociedade uma imagem de que Lewandowski estava sendo, constitucionalmente, obrigado a “presidir um julgamento em um hospício”. ‘EXPECTATIVA’ Foto: Lula Marques/Divulgação Na próxima segunda-feira (29), é esperado o momento mais dramático do julgamento.
O depoimento da presidente afastada, acusada de crime de responsabilidade fiscal.
Só depois dessa parte é que poderá ocorrer a votação dos senadores, que poderão fazer perguntas a Dilma.
Existe uma expectativa pelo embate entre a petista Janaína Paschoal, uma das autoras do impeachment.