Estadão Conteúdo - O governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) não conseguiu concluir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, mesmo após quase 15 horas de sessão do Congresso Nacional que começou nessa terça-feira (23) e se estendeu até 2h30 desta quarta-feira (24).

Os líderes da base aliada haviam prometido ao peemedebista que haveria quórum e votação.

O texto-base da LDO chegou a ser aprovado no início da madrugada, mas os dois destaques que faltavam para concluir a votação não puderam ser votados por falta de quórum.

O governo não conseguiu garantir a presença mínima necessária de 257 deputados em plenário para votar os destaques, o que levou o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a encerrar a sessão.

LEIA TAMBÉM » Governo de Pernambuco prevê déficit de R$ 241 milhões em 2017 e queda de receita até 2019 A votação dos dois destaques foi adiada para a próxima sessão do Congresso Nacional, ainda sem data marcada.

O governo precisa aprovar a redação final da LDO até 31 de agosto, quando acaba o prazo para que o Executivo envie o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2017.

A LDO estabelece os parâmetros e diretrizes para a elaboração do Orçamento da União.

Com o adiamento da análise dos dois destaques, o governo Temer enfrentará dificuldade para concluir a votação da LDO antes do fim de agosto.

Isso porque a votação final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado Federal começa nesta quinta-feira (25) e deve seguir até 31 de agosto.

Déficit A LDO 2017 prevê um rombo de R$ 139 bilhões para o governo central, R$ 3 bilhões para estatais federais e R$ 1,1 bilhão para Estados e municípios no ano que vem.

Caso o governo consiga “economizar” e esse déficit fique abaixo dos R$ 139 bilhões, o texto aprovado prevê que o montante “economizado” seja destinado prioritariamente a investimentos.

O texto aprovado adianta o teor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos da União à inflação do ano anterior durante 20 anos, ao estabelecer que o Orçamento do ano que vem deve levar em conta o limitador de gastos.

A PEC, porém, ainda tramita na Câmara e precisa passar pelo Senado antes de ser promulgada.

Foto: Marcelo Camargo/ABr A antecipação do teor da PEC foi criticada pela oposição ao governo do presidente interino Michel Temer. “Esta obsessão por frear os gastos públicos é a obsessão por fazer um país elitizado.

Não podemos aprovar uma LDO que vá bloquear os investimentos em saúde, educação e outros pontos fundamentais”, afirmou Henrique Fontana (PT-RS).

A Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano prevê também a inclusão dos recursos do Sistema S no Orçamento e a realização de uma auditoria da dívida pública.

Esses trechos não constavam nos textos original enviado pelo governo e foram incluídos durante votação da proposta na Comissão Mista de Orçamento (CMO) Saúde Outra mudança da LDO incluída durante as discussões no colegiado e aprovada pelo Congresso Nacional na madrugada desta quarta-feira, 24, foi a previsão de que as despesas com saúde em 2017 deverão tomar como base o valor gasto este ano, atualizado pelo IPCA, índice oficial de inflação. » Governo usará reserva para cumprir meta de déficit de R$ 170,5 bi em 2016 A ideia dos parlamentares é garantir mais recursos no Orçamento para a área, uma vez que a PEC do teto de gastos, se aprovada, prevê atualização pela inflação apenas do mínimo constitucional.

Como hoje os gastos com saúde estão acima desse patamar, a PEC não obrigaria expressamente o crescimento dessas despesas.

Primeira classe A LDO 2017 também proíbe ocupantes de cargos púbicos - inclusive ministros e presidentes de Poderes - de viajar de avião em primeira classe ou classe executiva em voos de carreira.

Com isso, só poderão viajar em classe econômica, inclusive em trechos internacionais.

A proibição foi sugerida pelo deputado Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS) e acatada pelo relator, senador Wellington Fagundes (PR-MT), na CMO.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano prevê ainda que os investimentos do governo federal priorizem obras em andamento e que estejam com mais de 50% de execução física.