A operação Lava Jato investiga, há mais de dois anos, um grande esquema de corrupção na Petrobras e, dentre centenas de nomes citados, muitos compartilham o mesmo sobrenome.
Na longa lista que está na mira da força-tarefa, alguns têm laços sanguíneos de pais e filhos, como é o caso do ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de sua filha Danielle Dytz da Cunha, ambos réus da Lava Jato.
De acordo com um levantamento do UOL, relembre os casos de pais que estão juntos de filhos em investigações por supostas atividades ilegais: Eduardo e Danielle Cunha - O deputado afastado Eduardo Cunha é réu em duas ações da Lava Jato.
O peemedebista é acusado de ter recebido propina de US$ 5 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobras, que nega e afirma não haver provas de que repasses tenham sido feitos diretamente a ele.
Cunha também é investigado por manter contas não declaradas na Suíça.
Segundo as investigações, a mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz, é a titular da conta e teria a filha dele, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, como beneficiária.
A publicitária é investigada pela Lava Jato por suposta manutenção de conta não declarada no exterior.
A filha de Cunha afirma que ela “é apenas indicada como beneficiária da conta, cuja titularidade é atribuída a sua madrasta”.
Pedro e Aline Corrêa - O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) cumpria pena no regime semiaberto por ter sido condenado no mensalão quando o juiz federal Sérgio Moro, que comanda as decisões em primeira instância da Operação Lava Jato, decretou sua prisão preventiva.
Moro condenou Corrêa a 20 anos e três meses de prisão por ter recebido propina.
Para reduzir sua pena, firmou acordo de delação premiada, no qual admitiu que recebeu propina de quase 20 órgãos do governo ao longo de sua vida política, desde a década de 1970.
Já sua filha, a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP), é investigada por peculato, em razão da contratação de secretárias fantasmas para repassar parte dos salários a seu pai.
Sua defesa acionou a Justiça para remeter o caso para uma das varas federais de Brasília, alegando que a acusação contra ela não tem relação com a corrupção na Petrobras, que está nas mãos da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O pedido de liminar foi concedido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região até o julgamento do mérito, que não tem data para acontecer.
José e Roseana Sarney - O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) é investigado por tentar interferir nas investigações da Lava Jato.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a sua prisão, mas foi negada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
Sarney foi acusado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em sua delação premiada, de ter recebido dinheiro desviado da Petrobras.
A defesa do peemedebista nega as acusações.
Sua filha, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB-MA), também é alvo de investigação da força-tarefa.
Dois delatores afirmam que o então secretário-chefe da Casa Civil de Roseana, João Abreu, recebeu propina em troca da liberação de um precatório de R$ 134 milhões em favor da UTC Engenharia.
Abreu chegou a ser preso, mas conseguiu habeas corpus.
As investigações tiveram início em Curitiba, mas a defesa da peemedebista recorreu e conseguiu que o caso fosse encaminhado para a Justiça estadual no Maranhão.
Os advogados de Roseana afirmam que não há irregularidades no acordo feito com a empresa.
Benedito e Arthur Lira - O senador Benedito de Lira (PP-AL) é investigado pela Operação Lava Jato por participação no esquema de corrupção na Petrobras.
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o parlamentar por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não proferiu decisão sobre o caso.
Seu filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL) igualmente denunciado pela Procuradoria pelos mesmos crimes, seu caso ainda está nas mãos do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, que autorizou, no entanto, o bloqueio de bens de até R$ 4,2 milhões dos dois.
Pai e filho foram citados por ao menos três delatores da Lava Jato por terem recebido propina dentro do esquema de corrupção.
A defesa dos dois alega que ambos só receberam “doação de campanha oficial” e que não há irregularidades em suas contas.
Sérgio Machado e Daniel, Sérgio e Expedito Machado - Ex-presidente da Transpetro entre 2003 e 2014, Sérgio Machado, em delação premiada à força-tarefa da Lava Jato, acusou mais de 20 políticos dos principais partidos brasileiros –PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PSB– de receber propinas de desvios da subsidiária da Petrobras.
Ele ainda repassou para os investigadores gravações de conversas que teve com aliados e principais líderes do PMDB, como Romero Jucá (RR), José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL).
Todos rebateram as acusações, no entanto, após a divulgação do conteúdo desses diálogos, Jucá perdeu o cargo de ministro de Planejamento.
Assim como o pai, três filhos de Machado fecharam acordo de delação premiada com a Lava Jato.
Daniel Firmeza Machado, Sergio Firmeza Machado e Expedito Machado da Ponte Neto contaram aos investigadores quais empreiteiras e empresas pagaram propinas em contratos com a Transpetro.