Dois anos depois, dúvidas ainda pairam sobre a queda do avião que matou o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), então candidato a presidente, e outras seis pessoas, naquele 13 de agosto de 2014.
Até agora, a única investigação concluída foi a do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), apontando falha humana como causa do acidente, uma tese contestada pela família Campos.
O inquérito 505/2014, instaurado pela Polícia Federal para descobrir o que motivou a tragédia, está sob sigilo, sem novidades e não é divulgada uma previsão para concluir a apuração.
A aquisição da aeronave foi colocada sob suspeita e, com as operações Turbulência e Lava Jato, a PF descobriu um esquema de lavagem de dinheiro usado para comprá-la, levando o Ministério Público Federal a denunciar 18 pessoas à Justiça.
Eduardo Campos iniciou carreira política aos 22 anos, como chefe de gabinete do avô, Miguel Arraes, então governador de Pernambuco, e foi deputado, ministro e também governador (Foto: PSB/Divulgação) LEIA TAMBÉM » Antônio Campos rompe silêncio: “Memória de Eduardo será absolvida” O jatinho Cessna 560 XL, de prefixo PR-AFA, deixou o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por volta das 10h20 daquele dia.
O pernambucano estava confiante naquela manhã seguinte à entrevista em rede nacional que deixaria marcada a frase “Não vamos desistir do Brasil”.
Cerca de 40 minutos depois, o socialista, quatro assessores e dois pilotos morreram no acidente envolvendo o jatinho, encerrando ali o ciclo político do homem que se dizia representante de uma nova política e se colocava como terceira via diante dos principais adversários - Dilma Rousseff do PT, partido ao qual foi aliado até o ano anterior, e Aécio Neves do PSDB, de quem era amigo e tinha trajetória semelhante.
Por coincidência, o dia era o mesmo que o avô dele, Miguel Arraes, uma das principais lideranças socialistas, morreu nove anos antes.
Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) galeria-aviao-eduardo campos4 - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) A família do ex-governador iniciou nos Estados Unidos um procedimento contra a Cessna.
De acordo com o irmão de Eduardo, o advogado Antônio Campos, a fabricante solicitou o não ajuizamento da ação, para averiguar a possibilidade ou não de um acordo.
ESPECIAIS » Eduardo Campos: Legado em construção » O adeus a Eduardo Campos O perito Carlos Camacho, consultado pela família Campos, elaborou um dossiê citando diversos casos de acidentes com aviões da Cessna afirmando que esse modelo de aeronave são predispostos a dois tipos de problemas técnicos: disparo do estabilizador do profundor e movimentação indevida do estabilizador horizontal. “No caso do PR-AFA, durante a arremetida um desses sensores pode ter falhado e o estabilizador horizontal foi mudado da posição menos dois graus para mais um grau sem o comando dos pilotos, resultando em um significante nose pitch down (nariz do avião para baixo), claramente explicando a atitude da aeronave nas fotos e vídeos, sem que os pilotos houvessem tido tempo hábil para corrigir tal situação, visto que voavam muito próximos ao solo”, diz o documento.
O perito defende ainda que um dispositivo sonoro de alerta aos pilotos poderia ter feito a diferença para que o acidente não acontecesse.
Para o Cenipa, o piloto Marcos Martins não tinha treinamento para operar a aeronave e não seguiu a rota de pouso na Base de Santos, deixando de fazer uma manobra para tentar pousar direto na pista.
Por não ter cumprido a determinação de pouso, foi forçado a arremeter bruscamente e não teria operado os aparelhos como preveem as recomendações do fabricante, sofrendo, por isso, “desorientação espacial”, quando se perde a noção de onde fica o solo e fica sem saber se voa para cima ou para baixo.
A Aeronáutica teria chegado a essa conclusão após analisar os últimos segundos do voo, em que o avião teria descido em potência máxima em um ângulo de 70 graus.
A tese é que o piloto tenha acelerado achando que estava subindo. » Para FAB, cansaço do piloto influiu no acidente que matou Eduardo Campos » Famílias dos pilotos contestam Cenipa e apontam falha no avião de Eduardo Campos Conclusão da investigação do Cenipa foi apresentada em janeiro deste ano (Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Compra do avião em investigação A Operação Turbulência, deflagrada em 21 de junho após aproximadamente um semestre de investigações da Polícia Federal, prendeu quatro empresários, entre eles João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que havia se apresentado como comprador da aeronave ainda em 2014.
Pouco depois da queda do jatinho ele assumiu que estava em processo de compra e que contraiu vários empréstimos com pernambucanos para pagar parcelas do leasing do avião.
Lyra teria atualizado os pagamentos em atraso da AF Andrade, empresa com sede em Ribeirão Preto, em São Paulo, que estava em recuperação judicial, mas era a proprietária oficialmente, e assumido as promissórias restantes.
Entretanto, já naquele período surgiram rumores de que o avião teria outros sócios. » Campanha de Eduardo Campos recebeu R$ 20 milhões ilegalmente, diz PF » Turbulência: MPF diz que Eduardo Campos era ‘cliente’ de esquema operado por denunciados Em dezembro de 2014, o empresário chegou a divulgar que havia começado a pagar indenizações a moradores de imóveis atingidos.
Porém, em reportagem publicada neste sábado (13), a Folha de S.
Paulo mostra que ações ainda correm na Justiça contra ele, a empresa e o PSB, reivindicando o pagamento.
Cinquenta e uma casas foram atingidas, seja em menor ou em maior grau. » Celular e Ipad deram pistas para desvendar rede de relacionamento e empresas fantasmas da operação da PF » MPF diz que ‘organização criminosa’ usou rede de postos de gasolina para lavar dinheiro Diante do mistério sobre quem seriam os verdadeiros donos, a PF iniciou a investigação no início deste ano.
Através de provas compartilhadas da Operação Lava Jato, chegou a um esquema de desvio de recursos de obras da Refinaria Abreu e Lima e da Transposição do Rio São Francisco e de lavagem de dinheiro que pode ter abastecido as campanhas de Eduardo Campos em 2010 – para a reeleição ao Governo do Estado – e 2014.
Além de Lyra, são acusados de ser líderes do esquema os empresários Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira, este dono da Bandeirantes Pneus, que estava em processo para comprar o Cessna.
Os três estão presos na Região Metropolitana do Recife.
Além deles, foram expedidos mais dois mandados de prisão preventiva contra apontados como “laranjas” no grupo: Arthur Roberto Lapa Rosal, outro preso na Turbulência, e Paulo César de Barros Morato, o único foragido, que foi encontrado morto no dia seguinte à deflagração da operação.
Os documentos do MPF sobre o caso trazem Eduardo Campos e o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) como “clientes” da organização.
Tanto o partido quanto o parlamentar negam crimes. » Morato tinha função de movimentar dinheiro de esquema da Operação Turbulência, aponta MPF » Relatório do MPF e Policia Federal diz que João Carlos Lyra era ‘laranja’ de Eduardo Campos Essa semana, no dia em que o socialista completaria 51 anos se estivesse vivo, a Polícia Federal divulgou uma nota informando que concluiu as investigações relacionadas a um inquérito da Operação Lava Jato e que tinha indícios de que a campanha do socialista à reeleição em Pernambuco recebeu R$ 20 milhões ilegalmente.