Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo A cidade não é uma aldeia - sobretudo as médias e grandes cidades brasileiras.

O que acontece na urbe reflete os rumos da nação e é no plano local que se concretiza o jogo de forças presentes na cena política do país.

Na campanha eleitoral que terá início daqui a alguns dias, certamente não será ignorada a grave crise econômica, política e institucional que esgarça a nação e a disputa de narrativas em torno do tema.

Entretanto, o foco do debate inevitavelmente estará no presente e no futuro da cidade.

Uma cidade mais humana — como dizemos nós do PCdoB —, fisicamente organizada, econômica e ambientalmente sustentável e inspirada na justiça social, há de ser o conteúdo essencial das propostas programáticas postas em discussão.

Pelo menos na intenção de correntes políticas populares e progressistas.

Isto implica o planejamento urbano - mobilidade e transporte, habitação, regularização fundiária, coleta, destino e tratamento de resíduos sólidos, sustentabilidade ambiental e cultural—; a qualificação dos serviços públicos essenciais; a promoção e defesa dos direitos humanos; o desenvolvimento econômico e inclusão social produtiva; eficiência administrativa.

E, num instante de incertezas e turvação de perspectivas, o compromisso com a permeabilidade da gestão face à pressão social.

Os movimentos sociais, que tendem a elevar o seu nível de luta diante da perda de direitos e da subtração de conquistas alcançadas nos ultimos 12 anos, direta ou indiretamente estarão mais predispostos a um relacionamento mais intenso com os governos municipais.

Parte de suas bandeiras têm também concretude na esfera local.

Nesse contexto, desenha-se no Recife a possibilidade de um elevado debate entre o conjunto das candidaturas postas.

A gestão atual, liderada pelo prefeito Geraldo Júlio, orientada por um programa que no essencial vem sendo executado com êxito, sendo o alvo natural dos postulantes que se situam numa posição crítica ou em franca oposição, seguramente pautará o debate.

Muito tem sido feito, num padrão avançado de políticas públicas.

Mais não se fez em boa parte em razão da crise econômica nacional, que a partir principalmente do segundo semestre do ano passado impôs enormes restrições financeiras ao poder local.

Metas foram redimensionadas, porém mantidos os objetivos.

E o rigor fiscal, praticado desde o primeiro mês de gestão, possibilitou algo que grande parte das prefeituras do país não pôde realizar: o pagamento em dia do funcionalismo.

Muito há que se fazer, tamanhos os desafios de uma cidade em permanente construção.

Que se realize o bom debate.

Luciano Siqueira