“Nós assistimos a maior sabotagem política e econômica que já se viveu.” Essa frase foi uma das primeiras do exaltado discurso do líder do PT no Senado, o pernambucano Humberto Costa, na tribuna da Casa na sessão desta terça-feira (PT) para definir se a presidente Dilma Rousseff (PT) vai a julgamento ou não.

Em seu discurso, o petista, que foi o décimo a falar, voltou a defender o mandato da aliada e atacou o interino Michel Temer (PMDB).

Humberto Costa chamou de hipocrisia dos adversários a abertura do processo de impeachment, que acusaram o governo Dilma de promover uma “farra fiscal”.

Citando as metas fiscais do peemedebista de R$ 170,5 bilhões para este ano e R$ 139,5 bilhões para 2017, ironizou: “Onde estão os grandes responsáveis fiscais do PMDB?”.

LEIA TAMBÉM » “Não mudei minha posição”, afirma Armando Monteiro sobre impeachment » Cristovam Buarque indica voto pelo impeachment e diz que retorno de Dilma traria crise O senador frisou ainda denúncias contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Temer, como a informação divulgada de que a delação premiada da Odebrecht vai acusar o presidente interino de ter recebido R$ 10 milhões para campanha. “É hipocrisia quando alguém vem aqui falar de corrupção”, disparou. “A presidente que não pediu R$ 10 milhões, que não tem conta no exterior, que não foi corrompida nem corrompeu ninguém está sendo retirada do poder”, disse ainda.

Humberto Costa ressaltou que Dilma pretende fazer um plebiscito para tentar realizar novas eleições se voltar ao cargo.

Humberto Costa criticou o PMDB, partido do presidente da Casa, Renan Calheiros (Foto: Lula Marques/Divulgação) O pedido de impeachment usou como argumento o atraso no repasse de recursos para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, referentes a despesas com programas sociais do governo e com o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), que é a chamada “pedalada fiscal”.

Além disso, os juristas que escreveram a acusação alegam que houve três decretos envolvendo créditos suplementares assinados pela presidente sem autorização do Congresso Nacional.

Em documento de centenas de páginas, o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, defendeu que não houve crime de responsabilidade. “O Ministério Público Federal declarou que as pedaladas não representavam crimes e muito menos operação de credito.

O que há aqui é que todos os senadores sabem que não há crime da presidente e mesmo assim vão votar pela cassação do mandato dela.

Isso aqui é um processo político, não é o que está previsto na Constituição.

Pedalada está havendo, mas é esta aqui, a pedalada da Constituição, utilizando tecnicalidades jurídicas para justificar um golpe”, atacou. » Aécio Neves diz que “milhões de brasileiros sofreram por ilegalidades cometidas por Dilma” » PSDB abre mão dos discursos para abreviar sessão do impeachment As críticas de Humberto Costa foram ainda aos quase três meses de governo peemedebista. “Sua governabilidade se baseia única e exclusivamente no fisiologismo”, afirmou.

O senador reclamou também de uma das principais pautas de Temer no Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limitar o crescimento dos gastos públicos do ano à variação da inflação. “Como se fosse possível manter o gasto da saúde igual ao do ano anterior, como se novas pessoas não nascessem, como se outras não adoecessem”, justificou.