A denúncia apresentada pelo MPF de Pernambuco à Justiça Federal de Pernambuco, na semana passada, em torno da Operação Turbulência, deflagrada ainda em junho, em sua fase ostensiva, mostra que os gadgets modernos continuam ajudando nas investigações policiais, como já vinha ocorrendo na Operação Lava Jato.
O procurador da República Claudio Henrique Dias, responsável pela denúncia do caso, informou, por exemplo, que o celular apreendido em poder de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, por ocasião de sua prisão, como um dos cabeças do suposto esquema, revelou a presença dos contatos telefônicos de diversos membros da ’organização criminosa’ investigada e da rede de contatos atreladas a ela, bem como fotos e vídeos com seus principais integrantes.
LEIA MAIS: » Turbulência: MPF diz que ‘organização criminosa’ usou rede de postos de gasolina para lavar dinheiro No Ipad do empresário Apolo Santana Vieira, outro apontado como cabeça, a Polícia Federal encontrou o contato de Oscar Algorta, responsável no Brasil pela empresa Coralfink, do Uruguai, que mantinha sociedade, em Goiás, na empresa de fachada West Pneus. “Outra prova que não deixa dúvida do controle que Apolo exercia sobre a West Pneus é que no Ipad apreendido em sua residência foi encontrado o contato de Oscar Algorta, responsável pela Coralfink no Uruguai e sócia de Cledeilson na Weste Pneus”, descreve o procurador da República.
A PF descobriu depois que os laranjas goianos eram antigos funcionários das empresas de Apolo em Pernambuco, conforme a denuncia enviada à Justiça. » Turbulência: MPF em Pernambuco denuncia 18 por formação de organização criminosa A agenda do celular de Diva, Severina Divanci, secretária do empresário Eduardo Freire Bezerra Leite, tinha contatos com Carolina Vasconcelos, empresária ligada a Câmara e Vasconcelos.
Segundo a denúncia, Pedro Neves Vasconcelos e Carolina Câmara Vasconcelos (filha) eram tomadores de crédito do esquema de agiotagem por meio da empresa Vasconcelos e Câmara. “Depois, cederam o controle a Paulo Morato (que apareceu morto em um motel em Olinda) na Câmara e Vasconcelos, usadas por João Carlos Lyra e Eduardo Bezerra Leite”.
Na residência de Diva foram apreendidos diversos documentos referentes a Eduardo Leite e Jocape Administradora de Bens, inclusive cheques ainda em branco em nome desta, indicando, segundo a PF, que ela teria o controle sobre as movimentações efetuadas realizadas pela Jocape. “Ademais, uma breve checagem de seu aparelho celular, no whatsapp, revela o envolvimento de Diva não só nos negócios de seu patrão, Eduardo Bezerra Leite, mas também com Paulo Morato (compra passagens aéreas para ele) e com outras empresas envolvidas neste caso, como Vasconcelos e Câmara, Câmara e Vasconcelos, Jocape e Belag” A PF contou ainda que também no celular aprendido na residência de Arthur Roberto Lapa Rosal há evidência quanto ao liame (nexo, conexão) dele com os principais nomes da ‘organização criminosa’ investigada.
Na sua agenda telefônica, a PF constatou contatos de João Carlos Lyra e de Severina Divanci de Moura, secretária de Eduardo Alfredo Bezerra Leite, além de conversas no aplicativo whatsapp com essas pessoas. “Além disto, foi identificada uma foto apagada na véspera da deflagração da fase ostensiva da investigação referente a CRLV de um caminhão pertencente à Jocape Administradora de Bens, empresa controlada por João Carlos Lyra e Eduardo Ventola”, descreve o MPF.