Agência Brasil - A estudante de jornalismo Patrícia Lélis reafirmou nesta segunda-feira (8), em entrevista coletiva, a acusação de tentativa de estupro contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e de ameaça e cárcere privado contra o assessor dele, Talma Bauer.
O assessor chegou a ser detido em São Paulo na última sexta-feira (5) por causa da denúncia, mais foi liberado na madrugada de sábado (6).
Patrícia é da juventude do PSC, partido de Feliciano.
A estudante contou que foi chamada por Feliciano para ir ao apartamento funcional dele, em Brasília, no dia 15 de junho, para participar de uma reunião sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria a União Nacional dos Estudantes (UNE).
LEIA TAMBÉM » Deputadas do PT ingressam com representação contra Marco Feliciano » Marco Feliciano nega tentativa de estupro de jornalista Segundo ela, ao chegar à casa do deputado, ela descobriu que ele estava sozinho e que não havia reunião.
Feliciano então, segundo a estudante, tentou estuprá-la.
Patrícia relata que gritou e que uma vizinha do deputado bateu à porta para saber o que estava acontecendo, o que colaborou para que o fato não se concretizasse.
Patrícia Lellis é da juventude do PSC, partido de Feliciano (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr) Ainda de acordo com a estudante, assim que deixou o apartamento funcional de Feliciano, ela foi à Câmara dos Deputados e tentou pedir ajuda a membros do PSC, entre eles o presidente do partido, Pastor Everaldo, em vão.
Patrícia relata que recebeu oferta de dinheiro de Everaldo, que teria entregado um saco com uma quantia que ela não sabe o valor.
Ameaças em São Paulo Na entrevista desta tarde, Patrícia Lélis contou ainda que alguns dias depois recebeu uma oferta de emprego em São Paulo do jornalista Emerson Biazon e viajou com ele para lá.
No entanto, ela suspeita que Biazon foi enviado por Feliciano, porque ela não chegou a fazer a entrevista para a vaga. » ‘Não há cultura do estupro em nosso País’, diz Feliciano » Manifestantes fazem ‘beijaço’ contra Bolsonaro e Feliciano na Comissão de Cultura da Câmara Em São Paulo, Patrícia diz ter recebido a visita de Bauer, o que foi registrado pelas câmeras de segurança do hotel em que ela estava hospedada.
A partir do momento em que ficaram sozinhos, a estudante relata que passou a receber ameaças do assessor de Feliciano e foi obrigada a entregar para ele senhas de redes sociais, que ele passou a gerenciar como se fosse ela. “As duas fotos que tem com o meu namorado que foram postadas, foram postadas pelo Bauer.
Porque até então ele estava com as minhas senhas. [Tinha] senha do Facebook, tinha baixado o whatsappweb no computador dele e a senha do Instagram”, listou. “Foi à base de ameaça, ele estava armado.
Tudo que eu fiz foi à base de ameaça.
E não foi qualquer ameaça.
Foram ameaças de uma pessoa que tinha uma arma.
Porque até então, o Bauer é aposentado da polícia, ele anda armado”, completou. » Em vídeo, Marco Feliciano manda artistas “procurarem o que fazer” » Feliciano diz que Kleber Mendonça Filho protestou em Cannes por ser funcionário do governo Dilma Patrícia também contou que foi obrigada por Bauer a gravar dois vídeos nos quais falava bem do deputado e desmentia o relato que ela própria tinha feito ao jornalista Leandro Mazzini, em Brasília, acusando Feliciano da tentativa de estupro.
Na primeira gravação, segundo ela, ficou visível seu nervosismo, o que provocou suspeitas de pessoas conhecidas.
Por isso, o assessor a teria obrigado a gravar um novo vídeo.
Patrícia nega que tenha recebido dinheiro para fazer as gravações e diz que foi ameaçada. “Não era assim, faça o vídeo que eu vou te dar dinheiro.
Não era assim.
Ele falava: ‘faça o vídeo porque senão você vai morrer.
A gente sabe onde você mora, a gente sabe da sua família’.
Mas toda hora ele falava assim: ‘quanto você quer para esquecer esse assunto, para esse assunto morrer?’”, contou. » Bolsonaro se torna réu no STF por injúria e incitação ao estupro » Senado aprova projeto de lei que tipifica estupro coletivo e aumenta pena A estudante diz que conseguiu se salvar porque pediu ajuda a dois jornalistas que foram até o hotel para tentar ouvi-la.
Ao relatar as ameças aos repórteres, a estudante diz que foi levada à delegacia por eles.
Ainda segundo Patrícia, um dos repórteres gravou uma ligação de Bauer para ela, determinando que ela não saísse do hotel e o aguardasse chegar.
Além do boletim de ocorrência já registrado, Patricia disse nesta segunda-feira que passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. » Nova secretária de mulheres é evangélica e contra o aborto até em caso de estupro » No Recife, mulheres protestam contra projeto de Cunha que limita o atendimento a vítimas de estupro Em um vídeo postado em sua página na internet, Marco Feliciano nega o caso e diz que com o tempo ficará provado que as acusações não passam de “engodo” e “mentira”.
Talma Bauer não foi localizado pela reportagem da Agência Brasil.
A assessoria de Pastor Everaldo informou que ele deve se pronunciar sobre o caso por meio de nota nesta terça-feira (9).