Estadão Conteúdo - O empresário Marcelo Bahia Odebrecht afirmou, em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, que repassou R$ 10 milhões em dinheiro ao PMDB, em 2014, a pedido do presidente em exercício Michel Temer.

A informação é da revista Veja que chegou às bancas nesse sábado, dia 6. À publicação, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto confirmou que Temer e o empresário se encontraram há dois anos, mas afirmou que todo o dinheiro repassado pela empreiteira ao está de acordo com a legislação eleitoral.

LEIA TAMBÉM: » Humberto Costa aciona STF contra projeto de Michel Temer » Temer é vaiado no Maracanã ao declarar início dos jogos olímpicos do Rio Segundo Veja, em um dos anexos da delação premiada que Marcelo negocia com a Lava Jato, é relatado um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, em maio de 2014.

Durante o encontro, do qual também participou o então deputado Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil, Temer teria pedido ao empreiteiro “apoio financeiro” para o PMDB, que presidia à época.

Ainda de acordo com a revista, Marcelo disse que repassou R$ 10 milhões em dinheiro vivo.

Padilha teria recebido R$ 4 milhões e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, teria recebido outros R$ 6 milhões.

Os valores teriam sido contabilizados no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, também conhecido como o “Departamento da Propina” da empreiteira. » PSDB estipula limite para ‘bondades’ da gestão Temer » Aécio pede a Temer apoio para recriar cláusula de barreira e proibir coligação Em resposta à Veja, o Palácio do Planalto informou que Temer e Marcelo de fato jantaram no Palácio do Jaburu em maio de 2014 para falar sobre “auxílio financeiro da construtora a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.

Segundo o TSE, a Odebrecht doou R$ 11,3 milhões à direção nacional do PMDB naquele ano.

Também em resposta à revista, o ministro-chefe da Casa Civil diz: “Lembro que Marcelo Odebrecht ficou de analisar a possibilidade de aportar contribuições de campanha para a conta do PMDB, então presidido pelo presidente Michel Temer”.

De acordo com a assessoria do ministro, “como Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”. » Temer diz que não cogita disputar a eleição presidencial em 2018 » Datafolha: Lula lidera intenções de voto em 2018, mas não venceria no segundo turno Skaf, também em resposta à revista Veja, negou ter recebido recursos de Marcelo.

Segundo Skaf, a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, doou R$ 200 mil à sua campanha naquele ano.

Acordo Preso desde junho de 2015, Marcelo Odebrecht foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, a 19 anos de prisão e multa de mais R$ 100 milhões por danos causados à Petrobras.

Em outros trechos da delação premiada, o empreiteiro disse que repassou propinas referentes a contratos com a Petrobras por meio de doações eleitorais, entre elas as da presidente afastada Dilma Rousseff e também do senador Aécio Neves (PSDB), que também disputou a Presidência.

Ambos negam. » Temer nomeia indicados do Centrão e do PMDB para cargos no governo federal » Governo sanciona leis que reajustam salários de servidores do TCU e de militares Conforme pessoas que tiveram acesso às negociações entre o empreiteiro e a força-tarefa da Lava Jato, cerca de 50 executivos da Odebrecht, a maior empreiteira do Brasil, participam da delação que envolve dezenas de deputados, senadores e governadores dos mais diversos partidos e segmentos da política nacional.