Estadão Conteúdo - Vinte e quatro horas após ter classificado como “inviável” a proposta de um plebiscito sobre a antecipação das eleições, como defende Dilma Rousseff, o presidente do PT, Rui Falcão, telefonou para o ex-ministro da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini.

Queria desfazer o mal-estar provocado por suas declarações da véspera, já que a presidente afastada decidiu incluir a consulta popular na carta a ser enviada aos senadores, na próxima semana.

O presidente do PT não falou com Dilma, que ficou contrariada com a sua declaração.

Berzoini, que hoje chefia a equipe da “pronta resposta” de Dilma, fez o meio de campo para tentar apaziguar os ânimos.

Até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na operação para jogar água na fervura.

LEIA MAIS: » Esquerda do PT teme ‘ruptura’ interna Quando Falcão ligou para Brasília, ontem, Dilma estava no Palácio da Alvorada com o assessor Giles Azevedo e o ex-titular da Previdência Carlos Gabas.

A presidente afastada foi informada do telefonema por Berzoini.

Falcão também foi cobrado por dirigentes do PT logo após dizer a jornalistas, na quinta-feira, que descartava a ideia de antecipar as eleições de 2018, entrando em rota de colisão com Dilma.

A proposta constará da Carta aos Brasileiros que ela deve divulgar no próximo dia 10, depois da primeira etapa da votação do impeachment, no plenário do Senado, marcada para terça-feira. »Para Dilma, PT tem de reconhecer erros » Executiva do PT deixa tema Dilma em 2º plano “Estou defendendo um plebiscito porque quem pode falar o que eu devo fazer não é nem o Congresso, nem uma pesquisa, ou qualquer coisa.

Quem pode falar é o conjunto da população, que me deu 54 milhões e meio de votos”, afirmou Dilma, em recente entrevista à BBC Brasil. “Ela tem toda a razão.

O PT não pode se acomodar e aceitar esse golpe. É isso que vai dividir o partido”, protestou o secretário de Formação Política, Carlos Árabe.

A estratégia da presidente afastada tem o objetivo de marcar posição no momento em que, no diagnóstico dos próprios petistas, o impeachment tem o objetivo de marcar posição no momento em que, no diagnóstico dos próprios petistas, o impeachment já é irreversível.

Dilma, porém, ainda tenta transmitir a imagem de que pode conquistar apoio.

Um projeto de plebiscito precisa passar pelo Congresso, onde o presidente em exercício Michel Temer tem hoje maioria de votos. » Dilma diz que não participará da Rio 2016 em “posição secundária” » Eventual caixa 2 é problema de João Santana e do PT, afirma Dilma em entrevista Relação tensa Foi para dizer que manifestara opinião pessoal, pois o polêmico debate sobre antecipação de eleições só entrará na pauta do PT daqui a dez dias, que Falcão ligou ontem para Brasília. É no Alvorada que Dilma despacha desde 12 de maio, quando o Senado autorizou a abertura do impeachment.

Ela soube da justificativa dada por Falcão, mas não se convenceu.

A tensão entre Dilma e a cúpula do PT aumentou nos últimos dias.

Na terça-feira, ela disse que o partido precisa admitir erros, do ponto de vista ético, e passar por “uma grande transformação”.

Antes, havia apontado o dedo para o PT ao afirmar que nunca autorizou caixa 2 em sua campanha.

Após a delação do marqueteiro João Santana, Dilma destacou que a responsabilidade sobre os pagamentos para ele era da “tesouraria do partido”. » Dilma afirma que deixou País preparado para as Olimpíadas » Marqueteiros confessam que receberam US$ 4,5 mi de caixa 2 de campanha de Dilma Apesar do discurso da resistência, a presidente afastada já começou a transportar algumas coisas para Porto Alegre, onde mora sua família.

Mas ainda não mexeu nos livros.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.