Enquanto a vereadora Isabella de Roldão (PDT), de oposição ao prefeito Geraldo Julio (PSB), pressiona o presidente da Câmara, Vicente André Gomes (PSB), para colocar em votação um projeto de lei para instituir como imóveis de proteção as casas geminadas na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, na Zona Norte do Recife, a prefeitura defende que as duas unidades já são áreas que recebem atenção especial do poder público.

Isso acontece desde maio do ano passado, quando foi publicado o decreto de número 28.823, tornando-as Imóveis Especiais de Preservação (IEPs).

A parlamentar argumenta, porém, que a aprovação do PL colocaria o local permanentemente sob vigilância. “A gente sabe dentro do mundo jurídico que o que tem mais força é uma lei, não um decreto, que pode ser revogado a qualquer momento”, explica. “É um instrumento muito frágil.” Segundo Isabella de Roldão, o presidente da Câmara prometeu que colocaria o projeto em votação na próxima semana.

Fonte: Diário Oficial A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc) informou, em nota, que a casa “é alvo constante de fiscalizações da 1ª Gerência Regional - responsável pelo bairro.

O imóvel em questão já foi notificado, embargado e recebeu multa devido ao flagrante dado por mudança em uma esquadria da casa sem licença para tal”.

O texto ainda diz: “A pasta reitera o compromisso com a preservação dos imóveis históricos da cidade e o setor de fiscalização da pasta vai permanecer atento ao imóvel para evitar novas irregularidades.” Segundo a PCR, o Recife tem hoje 260 imóveis classificados como Especiais de Preservação protegidos pela Lei Municipal 16.284/1997.

As casas foram construídas por Augusto Reynaldo, um dos arquitetos responsáveis pela difusão da Arquitetura Moderna em Pernambuco, consolidada nos anos 1950 com a chegada ao Recife dos arquitetos Mario Russo, Acácio Gil Borsoi e Delfim Amorim.

Em casas como essas, segundo a Lei dos IEPs, o proprietário deve manter as características originais, conservando o imóvel e fazendo obras de recuperação e restauração se for preciso.

Vereadora reclama de falta de cuidado com casa (Foto: Divulgação) Isabella de Roldão denuncia que janela e porta foram retiradas. “A casa está totalmente oca.

Fica a preocupação”, reclama.

A vereadora citou o casarão ao lado, onde funcionava a Padaria Capela, que não era um IEP e foi demolido. “Não é uma coisa que você pode reconstruir.

São obras, estruturas históricas que têm mais de 60 anos”, diz ainda. “O patrimônio histórico da nossa cidade apela.

As futuras gerações apelam sob pena de ter naquele espaço o que aconteceu com o Edifício Caiçara e também na Casa Navio (ambos na Avenida Boa Viagem), que a gente só conhece por foto.

Onde uma cidade com o mínimo de consciência histórica ia permitir que um casarão como aquele fosse ao chão para construir uma farmácia?”, questionou.

Veja o projeto de lei apresentado: