Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem Preservar a memória e garantir que as futuras gerações tenham o direito de conhecer a história é fundamental.

Esta é a avaliação da vereadora do Recife Isabella de Roldão (PDT), que solicitou urgência na apreciação do projeto de lei 64/2014, que se encontra em tramitação na Câmara e classifica como Imóvel Especial de Preservação (IEP) casas geminadas na Avenida Conselheiro Rosa e Silva.

A vereadora discursou sobre o assunto na última segunda-feira (1º) e solicitou à Presidência a inclusão da proposta para votação o mais rápido possível. “Fizemos uma visita no local das casas, na semana passada e fomos surpreendidos.

Praticamente elas estão prontas para serem demolidas”.

Isabella de Roldão frisou que a casa está “oca” e lamentou que propriedades históricas na cidade estejam sendo, segundo ela, “destruídas”.

Foto Igo Bione Acervo JC Imagem “Retiraram janelas, santuário, portas.

Essas casas foram construídas por Augusto Reynaldo, na década de 50, e fazem parte da nossa história.

Um profissional que trouxe um novo olhar para a nossa arquitetura.

Um patrimônio está sendo destruído e é inadmissível a autorização para a demolição.

Faço um apelo para a sensibilidade dessa Casa.

O projeto ainda tramita e não colocamos na pauta de votação.

O proprietário, que também é dono da casa ao lado, já demoliu a propriedade da esquina e, na mesma velocidade, vai demolir a casa geminada”, disse a vereadora.

Augusto Reynaldo foi um dos arquitetos responsáveis pela difusão da Arquitetura Moderna em Pernambuco, que se consolida nos anos 1950 com a chegada ao Recife dos arquitetos Mario Russo, Acácio Gil Borsoi e Delfim Amorim.

Nessas casas, Augusto explorou a integração da modernidade e tradição difundida pelas teorias de Lúcio Costa na década de 1950, que caracterizou a produção arquitetônica recifense dessa época.

A tradição do uso de venezianas nas portas e janelas, o telhado em estrutura de madeira recoberto por telhas cerâmicas e o terraço lateral marcando o acesso social e promovendo a ventilação são algumas características que se relacionam com a modernidade.

Foto: Edmar Melo/ Acervo JC Imagem “A paisagem afetiva dos recifenses precisa ser respeitada!

Queremos que daqui há alguns anos nossos filhos tenham a referência de cidade que respeite seu tempo.

Não queremos um modelo de cidade espelhado, que não reflete a nossa cultura urbana”, destaca a vereadora.

Isabella de Roldão ainda sugere que construções que tenham identidade e que representem uma época sejam preservados. “São construções assinadas por arquitetos e que testemunham um tempo no Recife”, finaliza.

Texto integral de Portal NE10 HISTÓRIA Edifício Holiday, em Boa Viagem, possui mais de 2.500 moradores Foto: Priscila Miranda/NE10 Um dos imóveis históricos é o Edifício Holliday, símbolo de uma época em que os grandes edifícios chegavam ao Recife.

Construído entre 1957 e 1959, foi um dos primeiros arranha-céus da capital, junto com o Acaiaca e o edifício Califórnia – erguidos no mesmo bairro também no final da década de 1950. É um marco na arquitetura modernista da cidade.

Já o “Sobrado das 3 janelas”, também conhecido como Villa Deolinda, na Estrada do Encanamento, é testemunha do início do século XX.

Datado de 1910, apresenta a maior quantidade de elementos do chamado “modernismo adocicado”, como estruturas independentes, jogos de planos, rasgos horizontais, emprego de novas técnicas construtivas (concreto armado), utilização de esquadrias, guilhotina, duplas de madeira (vidro e veneziana. “É o último exemplar do gênero que ainda está de pé”, justifica Isabella.

A casa 206 da Avenida 17 de Agosto também merece um olhar especial.

Projetada por Hugo Marques em conjunto com Georges Munier, Heitor Maia Filho e Jorge Martins, parte do grupo que contribuiu para a modernização da arquitetura no Recife no início dos anos 1930, período anterior à experiência modernista de Luiz Nunes. “Uma lástima que uma obra de arte como esta seja relegada ao abandono ou à demolição”, lamenta a vereadora.