Foto: Lula Marques/Agência PT Estadão Conteúdo - Uma demonstração de fraqueza política maior do que se esperava.

Essa foi a avaliação de economistas sobre o desempenho do governo em exercício no Congresso neste início de semana.

Nesta terça-feira, 2, de uma só vez, ao menos em três frentes importantes, o governo sofreu derrotas: o projeto de renegociação das dívidas dos Estados ficou sem as contrapartidas desejadas, o Projeto de Emenda Constitucional sobre a fixação do limite de gastos, a PEC do Teto, parou em uma comissão do Senado, e o projeto de venda de dívidas, que busca alternativas de arrecadação, não foi a votação.

LEIA MAIS: » Manobra pró-Temer desagrada ao PSDB » Temer diz que não cogita disputar a eleição presidencial em 2018 » Em Pernambuco, Lula diz que “para não ser candidato em 2018, é só o Brasil dar certo” As alterações no projeto sobre a dívida dos Estados alarmaram o economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O resultado foi péssimo: as propostas capitaneadas pelo deputado Esperidião Amin vão destruir o ajuste fiscal no longo prazo e, até onde tínhamos entendido, a moeda de troca era fazer concessões no curto prazo para arrumar o longo prazo”, diz Pessôa. » Michel Temer prioriza aliados com repasses de R$ 2 bilhões em 51 dias » Em Pernambuco, Humberto Costa diz que Temer vai “governar para a classe mais rica” Sua preocupação maior é que o governo interino de Michel Temer e a equipe do ministro da Fazenda Henrique Meirelles sigam a mesma trajetória de Dilma Rousseff e do ex-ministro Joaquim Levy, que tiveram a tentativa de ajuste fiscal abatida no Congresso. “É só resgatar a trajetória, porque vimos esse filme com a Dilma e o Levy no ano passado: quando as medidas importantes para o ajuste fiscal chegaram ao Congresso, foram desfiguradas, e a sinalização agora é que o governo Temer e sua equipe econômica, por melhor que seja, podem reproduzir o mesmo enredo”, diz. » Datafolha: Lula lidera intenções de voto em 2018, mas não venceria no segundo turno » Acompanhando discursos de Lula em Pernambuco, Humberto Costa fala em eleição de 2018 Recuar é pior O economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, define como “desconfortável” o momento do governo no parlamento. “O Palácio do Planalto precisa ter claro que quanto mais recuar, pior vai ficando, porque os profissionais do achaque no Congresso sabem que essa é a hora de conseguir o seu: o governo está enfraquecido até o impeachment”, diz ele. » Maioria dos brasileiros quer nova eleição presidencial, mostra pesquisa Ipsos » Temer envia ao Congresso projeto de lei para alterar remuneração de servidores » Humberto Costa diz que Michel Temer chantageia Congresso com aumento de impostos Na avaliação de Mendonça de Barros, ainda dá para reverter a discussão do projeto da dívida, mas o governo precisa ter claro que não pode errar na aprovação do limite de gastos. “A PEC do Teto é o teste do pudim: se não passar como precisa ser, com substância, de verdade, aí sim vai ser um desastre”, diz.

O economista Bernard Appy, sócio do Centro de Cidadania Fiscal e ex-secretário Executivo do Ministério da Fazenda, tem uma preocupação parecida.

Espera que governo consiga reverter a posição no Congresso para aprovar não apenas a PEC do Teto, mas também a reforma da Previdência. “O que vimos não pode acontecer com corte de gastos e reforma da Previdência, que são vitais para o ajuste fiscal”, diz. » Aécio pede a Temer apoio para recriar cláusula de barreira e proibir coligação » Temer nomeia indicados do Centrão e do PMDB para cargos no governo federal » Governo sanciona leis que reajustam salários de servidores do TCU e de militares Na opinião de Appy, o melhor a fazer em relação à negociação da dívida com os Estados é dar uma parada. “O governo precisa puxar o freio de arrumação e buscar soluções, porque não pode passar como está: vai comprometer a transparência das contas e instituir a contabilidade criativa de vez”, diz.