Foto: Fernando da Hora/JC Imagem “O STF foi conivente com o modus operandi de Eduardo Cunha porque havia algum interesse.” Foi o que afirmou o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), nesta quinta-feira (28), após criticar o ex-presidente da Câmara, que renunciou há quase um mês, já depois de ser afastado do cargo e do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o parlamentar, a Corte demorou para tomar essa medida contra o peemedebista, fazendo isso poucos dias antes da votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado, que acabou tirando a petista do poder para aguardar a conclusão do processo.
Questionado sobre quais seriam esses interesses, Jean respondeu: “Não sei”. “Por que não barrou o golpe?”, questionou ao Blog de Jamildo. “Então, eu não estou dizendo que é verdade, que não é, ou qual é a motivação.
O comportamento me permite essa leitura”, disse ainda, durante coletiva de imprensa.
LEIA TAMBÉM » Contra Estatuto da Família, Jean Wyllys diz que nem a Sagrada Família era tradicional Para o deputado, esse modus operandi de Cunha na presidência da Casa era a do “atropelo”. “Cada vez que era derrotado numa votação, reinterpretava o regimento”, explicou.
O pedido de impeachment dos juristas Miguel Reale Jr., Hélio Bicudo e Janaína Paschoal foi aceito por Eduardo Cunha em dezembro, depois que o PT retirou o apoio a ele no Conselho de Ética - acusado de mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ele já enfrentava um processo de cassação no colegiado que durou nove meses e, aprovado, só passou para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que também foi favorável à derrota do peemedebista. “Se não houve intervenção para manter as regras do jogo democráticas é porque havia algum interesse”, afirmou o parlamentar.
O processo de cassação de Cunha deve ir a plenário ainda no início de agosto.
Jean Wyllys confia que ele perderá o mandato. “Se Eduardo Cunha não for cassado, a gente vai ter certeza de que os bandidos estão mandando na República”, afirmou.
O deputado disse ainda que, para que haja Justiça, além da exclusão do ex-presidente da Câmara, a Operação Lava Jato deve continuar e chegar aos nomes do PMDB. “Agora está chegando à Baía da Guanabara”, metaforizou.
NOVO PRESIDENTE - Jean Wyllys criticou também o novo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito para um ‘mandato-tampão’ de sete meses após a renúncia de Cunha. “Mais do mesmo”, classificou o deputado, argumentando que Maia está citado nas investigações da Lava Jato e é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, representando, para ele, uma cultura de ‘capitanias hereditárias’. “É um pouco mais civilizado que Eduardo Cunha, mas representa mais uma vez um sistema contestado desde junho de 2013”, defendeu.
Assim como toda a bancada do PSOL, o parlamentar se retirou do plenário no momento da votação que elegeu Rodrigo Maia.
Jean Wyllys adiantou que, com o retorno após o ‘recesso branco’, na próxima semana, ele e os correligionários deverão agir da mesma forma em pautas das quais discordam, como o projeto de lei que quer tirar da Petrobras a exclusividade na exploração do pré-sal. “A oposição tem alguma força.
E vai usar essa força”, disse. “Vamos obstruir as votações que representem esse retrocesso de 30 anos, eu diria.
Vamos impedir que esse retrocesso se consolide.” DIVERSIDADE - O parlamentar esteve no Recife nesta quinta-feira (28) para um debate sobre gênero e diversidade promovido pelo deputado estadual Edilson Silva (PSOL), pré-candidato a prefeito da capital pernambucana.
Contra o Estatuto da Família, projeto de lei do pernambucano Anderson Ferreira (PR), que é pré-candidato em Jaboatão dos Guararapes, Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu que a proposta foi apresentada apenas se baseando em um dogma e que não reflete a realidade. “Na vida real os arranjos familiares são muito maiores”, afirmou.
Nem mesmo a Sagrada Família era uma família tradicional.”