A Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram um elo entre os esquemas de desvio de recursos públicos na Refinaria Abreu e Lima (em Suape, no litoral Sul de Pernambuco) e a Operação Turbulência, deflagrada no dia 21 de junho e que também apura desvios de obras públicas no Estado.
LEIA TAMBÉM » Petrobras aprova retomada da Refinaria Abreu e Lima A Operação Turbulência evidenciou o uso da empresa de terraplenagem Câmara e Vasconcelos, que era usada pela construtora OAS para desviar recursos das obras da transposição do São Francisco e outras obras.
A interligação entre o esquema da Turbulência e a Lava Jato se dá por meio da descoberta das operações da empresa Master terraplenagem, que atuava nas obras da refinaria, por meio da construtora Camargo Corrêa.
A chave para a elucidação do esquema aparece em provas compartilhadas pelo STF no inquérito.
Trata-se de um dos vários outros braços da Lava Jato. » Empresário morto usou mecânico e seu irmão como laranjas na Câmara e Vasconcelos Terraplenagem » Câmara e Vasconcelos entrou no radar da PF após Paulo Roberto Costa e Youssef delatarem esquema em Alagoas » Operação Turbulência: em um mês, quatro empresários presos, um morto e muitas dúvidas No caso, como já de conhecimento em Pernambuco, a investigação foi aberta para apurar uma possível doação não declarada de R$ 20 milhões à campanha eleitoral da então reeleição do falecido ex-governador Eduardo Campos, em 2010.
A investigação apura a prática de sobrepreço em contratos bilionários firmados para a implantação da refinaria do Nordeste (Rnest), pela Camargo Corrêa, por meio da simulação da contratação da empresa Master Terraplenagem, para a suposta “locação de equipamentos, em março de 2011.
ASSISTA » Resenha Política debate, no NE10, Operação Turbulência e eleições 2016 Em agosto de 2014, logo após a queda do avião de Eduardo Campos, pessoas muito bem informadas da política local já citavam que o esquema de desvios da Petrobrás ocorria por meio de uma empresa de terraplenagem e citavam o nome de pessoas ligadas à área de factoring e agiotagem.
Já se citava o nome de Eduardo Ventola, também um dos presos da Turbulência. » Ministério Público destaca promotora para acompanhar inquérito da morte de Paulo Morato » Em reunião da cúpula do MPPE, ata de reunião de procuradores fala em “assassinato” de Paulo Morato, da Operação Turbulência » Saiba o que o testa de ferro Paulo César Morato disse à Polícia Federal, em Brasília, antes de morrer No processo do STF, os investigadores sustentam que esses contratos da Master teriam sido constituídos em nome de ‘laranjas’ como o intermediário José Gomes de Oliveira.
O caso está em investigação no STF por conta da possível interferência do então secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, atualmente ocupando o cargo de senador da República por Pernambuco.
Senadores detém foro privilegiado no STF.
Só podem ser julgados nesta esfera judiciária. » Empréstimo de Eduardo Ventola para Alagoas liga Lava Jato a esquema em Pernambuco » Um ano antes de ser preso pela PF, Carlos Lyra Filho já era investigado pela PF, após delação de Paulo Roberto Costa e Youssef » Provas usadas na Operação Turbulência são de inquérito sobre suposta propina na campanha de Eduardo Campos em 2010 De acordo com os dados do processo, no STF, na apuração do caso, os engenheiros da construtora foram inquiridos e admitiram que a Master de fato não executou qualquer serviço para a Camargo Corrêa.
Eles informaram ao MPF e a PF que, após os saques realizados da conta da construtora Master pelo intermediário “Zé Gomes”, o numerário era remetido para João Carlos Lyra Pessoa de Melo, apontado pela PF de Pernambuco como um dos cabeças do esquema na Operação Turbulência, com a ajuda da empresa fantasma Câmara e Vasconcelos Terraplenagem.
Imagem de terraplenagem na Refinaria Abreu e Lima (Foto: Eudes Santana/Banco de Imagens da Petrobras) “A despeito de o objeto apurado na aludida investigação em curso no STF ser específico e diverso do ora investigado (na Turbulência, operação independente da PF em Pernambuco), mais amplo, buscou-se o compartilhamento de provas ali reunidas justamente para se robustecer o cenário que neste feito vinha se revelando, da atuação da organização criminosa ora sob investigação neste caderno investigatório, através do investigado João Carlos Lyra, no evidente intuito de desvincular o dinheiro ilícito de sua origem criminosa”, descreve o desembargador federal Iran Lira de Carvalho, relator do caso da Turbulência no Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
Nesta sexta-feira, o Blog de jamildo informou que provas compartilhadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no STF, com o Ministério Público de Pernambuco e Polícia Federal no Estado mostravam que o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho operava uma espécie de ‘delivery’ de dinheiro na capital pernambucana, a serviço de operadores ligados ao doleiro Alberto Youssef, do Paraná.