Por Marina Falcão | Valor RECIFE Uma ata de uma reunião da cúpula do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), publicada nesta quinta-feira no diário oficial do Estado, usou a palavra “assassinato” para se referir à morte do empresário Paulo Morato, foragido da Operação Turbulência, da Polícia Federal.
Até agora, quase um mês depois que Morato foi encontrado morto em um quarto de motel em Olinda, a Polícia Civil de Pernambuco vem dizendo que ainda não concluiu as investigações para determinar se Morato, envenenado com chumbinho, foi vítima de homicídio ou cometeu suicídio.
A ata, publicada na página 26 do “Diário Oficial do Estado de Pernambuco”, diz que a conselheira Adriana Fontes indagou “se houve a designação de algum promotor de Justiça para acompanhar o caso do assassinato do empresário Paulo Cesar de Barros Morato”.
Ainda segundo o documento, o presidente do conselho, Carlos Guerra, respondeu que “até o presente momento não houve reclamação, mas que iria designar um membro para acompanhar o inquérito”.
A reunião ocorreu no dia 13 de julho.
Morato era considerado pela PF como testa de ferro de um esquema que usava empresas fantasmas para abastecer campanhas políticas do PSB com dinheiro de propina de obras da transposição do Rio São Francisco e da Petrobras e que chegou a movimentar mais de R$ 600 milhões.
A Polícia Federal suspeita que o avião que caiu em Santos em agosto de 2014, matando o ex-governador Eduardo Campos, teria sido comprado com dinheiro transferido pela empreiteira OAS a uma das empresas fictícias do esquema.
A investigação sobre a morte do empresário foi criticada pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol).
A entidade reclama que um grupo de peritos papiloscopistas (que coleta impressões digitais) foi impedido de dar prosseguimento à perícia no local da morte após receber, de última hora, uma ordem para suspender os trabalhos da Secretaria de Defesa Social do Estado, levantando suspeitas de interferência política nas investigações.