Agência Brasil - O ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, afirmou que a divisão das propinas recebidas de estaleiros contratados pela empresa era uma réplica do esquema que já existia na Petrobras.
Ele prestou depoimento nesta terça-feira (19) ao juiz federal Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal de Curitiba, em acordo de delação premiada acertado com o Ministério Público Federal (MPF) dentro da Operação Lava Jato.
A Sete Brasil foi criada pela Petrobras para explorar o petróleo na camada pré-sal.
Ferraz presidiu a empresa de 2010 a 2014 e é acusado de ter recebido propina.
LEIA TAMBÉM » Odebrecht buscou influência política em contrato com a Sete Brasil, diz PF » Em carta, ex-presidente da Sete Brasil admite ter recebido propina » Bruno Araújo pede que CPI aprofunde investigação sobre a Sete Brasil, que desemprega em Suape Ferraz falou sobre a divisão de propinas ao ser indagado por Moro sobre qual motivo os executivos da Petrobras também recebiam uma parte das propinas decorrentes dos contratos firmados pela Sete Brasil.
Segundo Ferraz, o ex-gerente de serviços da Petrobras, Pedro Barusco, era o responsável por replicar na empresa o esquema de propinas instalado na petrolífera.
O ex-presidente da Sete Brasil disse que todos os estaleiros contratados para construir navios-sonda pagavam uma propina de 0,9% do valor do contrato. “Dois terços eram destinados ao Partido dos Trabalhadores (PT), na pessoa de João Vaccari Neto [ex-tesoureiro do partido], e o restante era dividido em duas partes iguais.
Uma parte era destinada a pessoas da Petrobras e a outra, para executivos da Sete Brasil”, explicou Ferraz. » Presidente da Petrobras diz ser contra falar em privatização da empresa » Acusada propina, SBM firma acordo de leniência e restituirá Petrobras em US$ 328 milhões O réu afirmou não saber os nomes de todos os executivos da Petrobras que recebiam as propinas. “Certamente, o [ex-diretor de Serviços] Renato Duque, que o Barusco me falou.
Outras pessoas, eu não tenho certeza; apenas tive conhecimento através dos inquéritos”.
Os executivos da Sete Brasil que recebiam comissões, segundo o depoimento, eram Ferraz, Barusco e o ex-gerente da área internacional da Petrobras, Eduardo Musa". » Nova fase da Lava Jato busca dinheiro da Petrobras em banco panamenho » Após desistir de refinarias, Petrobras inicia venda de ativos no Nordeste João Carlos Ferraz disse que recebeu entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões em propinas, que foram pagas através de uma conta no banco Kramer, na Suíça.
A conta teria sido aberta em 2011, em nome de uma offshore chamada Firazza.
Segundo Ferraz, o valor recebido é apenas uma parte das comissões devidas pelos estaleiros, já que os pagamentos seriam feitos ao longo dos contratos — que tinham entre 10 e 15 anos de duração.
O ex-presidente da Sete Brasil disse que foi apresentado a João Vaccari Neto por Pedro Barusco e Renato Duque, durante um jantar em São Paulo. “Eles falaram que tinham o desejo de aumentar ainda mais essas comissões, de modo que não apenas os estaleiros (…) pagassem, mas também os operadores de sondas”, relatou.
Ferraz disse que foi contra a ideia naquele momento, mas que não ficou sabendo dos desdobramentos do assunto. » Delação na Lava Jato já reduz penas em 326 anos » Lula volta a criticar Moro e procuradores da Lava Jato em discurso no Recife » Lula diz que as investigações da Lava Jato incomodam como carrapato: ‘dá coceira’