“Não vejo a Câmara do Recife como uma Câmara homofóbica.

Vejo, sim, alguns homofóbicos lá dentro.” Foi assim que a empresária Maria do Céu, que lançou sua pré-candidata a vereadora pelo PPS essa semana, definiu a sua opinião sobre os parlamentares que estão na Casa José Mariano atualmente.

Conhecida por defender o fim do preconceito contra os homossexuais, ela pretende, se eleita, tentar “educar os pares”, até propondo uma mudança no regimento interno para proibir a homofobia no poder legislativo local.

Entre as bandeiras estão políticas públicas para o público LGBT, principalmente na educação, e para a mobilidade na capital pernambucana.

LEIA TAMBÉM » Pré-candidata a vereadora, Maria do Céu questiona momento de apoio do PPS a Geraldo Julio » Propaganda do PPS com Maria do Céu vai ao ar Maria do Céu lançou a pré-candidatura em meio a uma polêmica na Câmara sobre o projeto de lei de número 26/2016, que propõe a proibição de conteúdos sobre identidade de gênero e diversidade sexual na rede municipal de ensino.

A pauta é defendida pela bancada evangélica - que a empresária gosta de chamar de ‘religiosa’ para não estigmatizar apenas esse grupo - e alvo de críticas de movimentos sociais e educadores. » Polêmica sobre questões de gênero pode deixar alunos do Recife sem livros » Enquete: Você concorda com o PL que quer proibir livros sobre diversidade sexual? » PPS Recife se posiciona contra proibição de livros sobre diversidade sexual “Há uma evasão muito grande da população LGBT de dentro das escolas por causa dessa falta de informação e dessa falta de respeito”, defende. “Não são tantos, mas eles (os vereadores considerados por ela homofóbicos) conseguem reproduzir um discurso de ódio, uma perseguição contra a população LGBT, contra a família LGBT e contra a educação, contra a inclusão dos LGBT dentro das escolas”, acrescenta.

Veja o vídeo: Apesar de querer, se for eleita, conscientizar outros vereadores contra o preconceito, Maria do Céu diz que o melhor não é “bater de frente”. “Michele Collins (do PP, uma das principais defensoras do projeto de lei contestado pela empresária) tem que cuidar do que ela entende, que é o combate às drogas, não a família LGBT”, afirma. “Vou educar o máximo que puder para que aprendam a ter respeito por essa população, que é muito grande.” » Relatora, Teresa Leitão diz que PL para proibir livros sobre gênero nas escolas é inconstitucional » Comissão da Alepe rejeita projeto que veta livros sobre sexualidade em escolas Além de rebater o projeto de lei, Maria do Céu pretende tentar tirar do papel a criação do Conselho Municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos LGBT, um projeto de lei do poder executivo enviado para a Câmara pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) há mais de dois anos.

Maria do Céu se filiou ao PPS após escândalo do Mensalão.

Mas diz: “O PT é um partido muito importante para a democracia” (Foto: Divulgação) Porém, Maria do Céu diz que também tem planos para outras áreas.

Promete que, se estiver na Câmara no próximo ano, vai estudar a lei do Rio de Janeiro que proíbe os cariocas de jogarem lixo na rua, sob pena de multa.

A pré-candidata quer também fiscalizar a iluminação pública, de responsabilidade da Prefeitura do Recife, por defender que a cidade bem iluminada dá mais sensação de segurança, e pretende ainda defender projetos para os rios Capibaribe, Beberibe e Jordão. “A cidade não tem que ser pensada para uma eleição, e sim para melhorar a vida do cidadão”, diz.

VIDA POLÍTICA - Embora nunca tenha disputado uma eleição, Maria do Céu é filiada a partidos políticos há mais de 18 anos.

O primeiro foi o PV, ao qual foi ligada por oito anos até 2005, quando se filiou ao PPS.

As principais influências da empresária foram a ex-deputada Denise Frossard (RJ) e, em Pernambuco, o atual ministro da Defesa, Raul Jungmann. “É um partido muito ético e vem de uma filosofia de centro-esquerda.

Percebi o posicionamento sobre o mensalão, sobre o Estatuto do Desarmamento, contra a redução da maioridade penal”, explica.

A decisão de se candidatar, porém, só veio depois dos protestos de 2013. “Não via necessidade até 2013, quando vi retrocessos e os direitos conquistados virando moeda de troca.” » Esnobado no Recife, Raul Jungmann volta por cima » Ministro da Defesa, Raul Jungmann diz que “ninguém pode sufocar a Lava Jato” Sobre as alianças para este ano, adianta que o PPS deve estar em uma chapinha e sem partidos como o PP de Michele Collins.

Maria do Céu também foi contra a formalização do apoio a Geraldo Julio, firmado no fim de junho, menos de uma semana após a deflagração da Operação Turbulência pela Polícia Federal, que descobriu um esquema de lavagem de dinheiro após investigar a compra do jatinho usado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB), padrinho político do prefeito.

Se chegar à Câmara, vai ser da base aliada, mas adiantou que quer andar com as próprias pernas e fazer críticas à gestão.