Estadão Conteúdo - A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara reposicionou a relação entre o Palácio do Planalto e os tucanos, tirou o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, da defensiva e abriu caminho para a formação de um consórcio de poder para as eleições de 2016 e 2018.
LEIA TAMBÉM » Com 285 votos, Câmara elege Rodrigo Maia para suceder Eduardo Cunha em ‘mandato-tampão’ » Veja a entrevista coletiva com o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia Os principais líderes do Congresso apontam o político mineiro como o principal articulador da vitória da “antiga oposição” e o consequente isolamento do Centrão.
Não por acaso, Maia decidiu visitar o tucano antes de Temer no dia seguinte à eleição. » Em primeiro compromisso público, presidente da Câmara sela aliança com Aécio Neves “A visita do Rodrigo (Maia) foi uma tentativa de recolocar Aécio no jogo”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que desistiu de disputar o mandato-tampão na Câmara a pedido do presidente do PSDB.
Para Delgado, o movimento por Maia “recolocou” Aécio no quadro da eleição presidencial de 2018. “O Rodrigo Maia valorizou o Aécio como o Temer havia valorizado o José Serra ao colocá-lo no ministério (das Relações Exteriores).
Agora é o (governador) Geraldo (Alckmin) quem precisa se reposicionar”, disse o deputado do PSB. » Relatório da PF revela relação da Andrade Gutierrez com Aécio Neves » Pedro Corrêa liga Aécio a esquema na Petrobras » Machado revela propina de R$ 1 milhão para Aécio e caixa 2 do PSDB em 1998 e 2000 Citado por delatores e investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal na Operação Lava Jato, o senador mineiro, que nega irregularidades, enfrentou nos últimos meses o pior momento político desde a eleição presidencial de 2014 - quando foi derrotado no segundo turno por Dilma Rousseff.
Perdeu protagonismo no Congresso e pontos em pesquisas sobre intenção de votos para a eleição presidencial de 2018.
Ele ainda rompeu com o principal aliado em Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda (PSB).
Foto: Lula Marques/Agência PT Aécio também viu seu grupo político sofrer um golpe com a prisão de Nárcio Rodrigues, ex-presidente do PSDB mineiro, suspeito de envolvimento em desvio de verba pública.
Aliados passaram a defender que ele voltasse suas atenções para Minas Gerais e desistisse do projeto presidencial.
MÁQUINA - Ao comandar a vitória de Maia, porém, Aécio deixou claro que ainda mantém intacto o seu principal ativo: o controle da máquina partidária e das bancadas do Congresso. “A eleição de Maia abriu a possibilidade de se aglutinar, com robustez, essas forças políticas - PSDB, DEM e PMDB - nos Estados.
Nesse processo ficou claro o protagonismo do presidente do PSDB”, afirmou Antônio Imbassahy (BA), líder da bancada tucana na Câmara. » Para bancada de Pernambuco, novo presidente vai fazer Câmara voltar a funcionar » Saiba o que os candidatos a presidente da Câmara falaram no discurso A estratégia de longo prazo montada pelo senador prevê a eleição de Imbassahy para o comando da Câmara em 2017 com apoio de Temer e da “antiga oposição”.
Em seguida, quer trabalhar por um aliado com bom trânsito entre as correntes tucanas para suceder-lhe na presidência do PSDB.
A disputa do comando partidário será decisiva para as pretensões dos presidenciáveis do partido.
Políticos ligados a Serra e Alckmin, que também postulam a vaga de presidenciável tucano, relativizam a vitória política de Aécio.
Em caráter reservado, dizem que o futuro dele “vai depender da Lava Jato”.
Já o campo “aecista” do partido lembra que a Lava Jato atingiu políticos de todas as siglas e pode chegar a Serra.
O ministro nega envolvimento em irregularidades. » CCJ cassa pedido de Eduardo Cunha e agora presidente afastado será julgado no Plenário da Câmara » Com ‘recesso branco’, pedido de cassação de Cunha e impeachment ficam para agosto No xadrez tucano de 2018, Serra ganhou posição ao assumir o cargo de chanceler.
Amigos reconhecem que ele não tem a mesma influência de Aécio na máquina partidária, mas o cargo na Esplanada lhe garante visibilidade.
O ministro também conta com a retaguarda do PSD, partido do aliado Gilberto Kassab, e de parte expressiva do PMDB que gostaria de tê-lo como candidato pela legenda ao Planalto.
Assim como Serra, Geraldo Alckmin também conta com uma linha auxiliar, o PSB, que abriu as portas para ele disputar a Presidência.
O governador e o ministro, porém, travam em São Paulo, berço do PSDB, uma disputa deflagrada pela escolha do empresário João Doria como candidato tucano à Prefeitura.
A avaliação recorrente no PSDB é de que essa disputa deve contaminar a executiva da sigla.