Agência Câmara Os candidatos à presidência da Câmara dos Deputados tiveram dez minutos para discursar na tribuna da Casa, inclusive os dois que foram para o segundo turno: Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF).

A votação do primeiro turno começou por volta das 21h15 desta quarta-feira (13), três horas após o início da sessão.

Como foi para o segundo turno, houve um intervalo de uma hora e a nova votação começou antes da meia-noite.

Veja o que os candidatos disseram, na ordem da fala: Rodrigo Maia (DEM-RJ) O deputado destacou sua biografia e se disse pronto para assumir o comando da Casa. “Ofereço a dimensão da experiência que acumulei em quase 20 anos aqui dentro e a correção pela qual pautei minha vida pública”, afirmou Maia.

Citando a crise econômica que atinge o País e a crise política por que passa o Parlamento, o deputado afirmou as repúblicas nunca se consolidam sem a força dos parlamentos. “Quando a Câmara é atacada ou mal defendida , é cada um dos nossos mandato que atacam”, disse Maia. “Sei que estou pronto para navegar nessa tormenta, que passará.

A Câmara, o Congresso e o Brasil são maiores que qualquer crise”, finalizou.

Evair Vieira de Melo (PV-ES) O parlamentar disse que as decisões tomadas na Câmara devem tomar como pauta a sustentabilidade. “O povo é o legislador supremo, criticando, aplaudindo e opinando sobre as decisões dos legisladores”, afirmou, lembrando que a Casa está marcada por escândalos e que o momento pede o “abandono de ideias retrógradas e da cultura medieval”.

Vieira de Melo listou a imparcialidade como uma das virtudes do novo presidente, que deverá ser capaz de comandar a Câmara com independência e bom senso. “O presidente deve respeitar a todos, maioria e minoria”, disse.

O deputado reforçou que a Câmara deve se pautar por premissas como transparência na gestão de contas e combate à corrupção.

Miro Teixeira (Rede-RJ) “Me inscrevi na disputa como o maratonista que deseja correr, mas sabe que pode chegar em último e penúltimo, mas é incompreensível não participar.” Teixeira trouxe a fala de 52 entidades da sociedade civil, como a Transparência Internacional, em defesa do Legislativo.

Ele ressaltou que, caso a Câmara consiga compreender a sociedade, poderá reverter “a curva de abatimento” dos acontecimentos dos últimos anos. “Acho fundamental que a Presidência da Câmara passe por um debate pelos candidatos como propõem as entidades.

Que os candidatos tenham as suas propostas e programas divulgados”, afirmou.

O deputado defendeu pauta própria para o Legislativo que garanta o combate à corrupção e a organização de órgãos como a Polícia Federal, o Ministério Público e a magistratura.

Giacobo (PR-PR) O deputado é o atual segundo vice-presidente da Câmara e conduziu grande parte das sessões depois do afastamento de Eduardo Cunha. “Agradeço a todos pelo apoio que recebi desde maio, quando dirigi grande parte das sessões nas quais votamos importantíssimas matérias.

Não fosse a vontade de servir ao País de todos os pares, não teríamos avançado tanto”, afirmou.

Ele também criticou a desmoralização da política e destacou que a maioria dos parlamentares trabalha muito no Plenário, nas comissões e outras esferas de atuação da Câmara dos Deputados. “Todas as mazelas do País são deliberadas vezes jogadas com exclusividade nos ombros deste poder.

Quem conhece esta Casa, seu Plenário, suas comissões, conhece o trabalho competente dos parlamentares.

A maioria dos que aqui estão, independentemente de convicções, são homens e mulheres que trabalham com seriedade e patriotismo”, comentou.

Cristiane Brasil (PTB-RJ) Filha de Roberto Jefferson, a petebista defendeu equilíbrio como a palavra de ordem da Casa. “Devemos equilibrar o diálogo entre oposição e situação.

Devemos equilibrar nossas posições para ajudar o Brasil a voltar a crescer.

Esse é o verdadeiro motivo de lançar minha candidatura”, disse ela.

Cristiane Brasil destacou ainda que representa as novas lideranças da política e que não tem pretensão de fazer tudo sozinha. “Pretendo ser um elo de possibilidades.

Independente das minhas posições, o que deve valer é o compromisso com o futuro, porque quem está na frente da televisão, sem emprego, não tem mais seis meses pra esperar.

Ele quer decisões agora.

Quer ser prioridade das nossas pautas”, anunciou.

Luiza Erundina (Psol-SP) “Além de injusta, essa situação ajuda a degradar a imagem do Brasil no cenário internacional.

Represento também as mulheres e as frentes progressistas que resistem ao atraso e ao conservadorismo que pretende ameaçar conquistas democráticas”, afirmou.

Ela também criticou o impeachment de Dilma Rousseff.

Erundina prometeu, se eleita, uma “mudança radical” na conduta da Casa. “Na nossa presidência, o povo ocupará o lugar que lhe cabe na sua Casa, sem grades e outros obstáculos para que eles possam pressionar pacificamente pelas propostas”, observou.

A candidata disse que é preciso discutir questões que são de “real interesse do País”, como a reforma política, a reforma tributária, a regulamentação dos dispositivos constitucionais sobre comunicação social, a reforma agrária e urbana. “Qualquer que seja o resultado, esta sessão entrará para a história por substituir um deputado que fez uma gestão desastrosa para o País”, opinou.

Fábio Ramalho (PMDB-MG) O deputado defendeu a reconstrução da importância da Câmara dos Deputados perante a sociedade. “Vejo com preocupação que parte da sociedade não acredita na politica para construirmos uma nação mais digna e justa.

Precisamos reverter essa percepção, porque não podemos ter dúvida que a política é o caminho e fora dela não há solução.” Ramalho também criticou o fisiologismo da Câmara, o ativismo do Judiciário, a interferência do Executivo com excesso de medidas provisórias e o poder das lideranças partidárias. “É triste constatar que o Legislativo, em muitos episódios, se apequenou em discussão fisiológica”, disse.

O deputado afirmou que o Brasil não pode ser “capanga” de interesses pessoais e partidários.

Carlos Manato (SD-ES) “Não ouvi até agora o compromisso pessoal dos demais candidatos à presidência de trabalhar mais.

Querem pegar avião da FAB [Força Aérea Brasileira] na terça-feira, ficar no ‘lero-lero’ e voltar na mesma aeronave na quinta.

Eu não.

Segunda e sexta, eu vou vir trabalhar, receber o povo.

De terça a quinta, receberei os deputados federais”, afirmou.

Manato também cobrou que os candidatos apresentem ‘nada consta’ que comprovem a ausência de acusações na Justiça, já que o comandante da Câmara será o eventual substituto do presidente da República se o impeachment de Dilma Rousseff se concretizar. “Tínhamos de ter a grandeza de mudar a história desta Câmara e debater quem poderia ser candidato ou não.

O primeiro item deveria ser o nada consta, mas ninguém debateu isso”, criticou.

Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) Gaguim destacou que o futuro presidente tem que atuar como um juiz, imparcial, e priorizar a população menos favorecida e o desenvolvimento e a produtividade. “Quero pedir o apoio da bancada feminina.

Falam que existem 3 poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário.

Mas eu coloco dois poderes acima desses – primeiro o poder de Deus e depois o poder dessas mulheres do meu Brasil”, disse o parlamentar.

Gaguim também pediu votos aos deputados de primeiro mandato, destacando que trabalhou para que esses deputados tivessem asseguradas no orçamento emendas de autoria deles.

Marcelo Castro (PMDB-PI) O deputado que é ex-ministro de Dilma defendeu a democracia com equilíbrio entre os poderes. “Se não tivermos o devido cuidado, o Executivo e o Judiciário avançam sobre o Legislativo.

Por isso, ele precisa cada vez mais de nossa participação para ser um poder soberano e jamais submisso a qualquer outro”, afirmou.

Para o deputado, nada é mais legítimo que o poder do povo.

Marcelo Castro ressaltou que “nunca esteve indeciso ou em cima do muro” e prometeu que, se eleito, a Câmara não deixará de exercer nenhuma de suas prerrogativas e funcionará com diálogo, estabilidade e participação de todos.

Rogério Rosso (PSD-DF) O parlamentar afirmou que, caso eleito presidente da Câmara, sua plataforma de trabalho será cumprir a Constituição; respeitar as instituições; honrar a atividade parlamentar; e integrar as frentes parlamentares.

Segundo Rosso, qualquer um que seja eleito presidente precisa garantir a governabilidade e a estabilidade do governo do presidente da República interino, Michel Temer. “Fico pensativo quando se fala em golpe.

Cumprir a Constituição não é golpe e é isso que temos de fazer.” O deputado afirmou que quem for eleito tem obrigação constitucional de colocar em votação as matérias de interesse do País.

A eleição para um mandato de apenas seis meses reflete, na opinião de Rosso, um momento atípico do Parlamento. “Não será [momento] de inventar a roda, mas de trabalhar com estabilidade e previsibilidade para voltar à normalidade dos trabalhos.” Para o deputado, a votação precisa ter um significado de confiança, de renovação da Câmara.

Esperidião Amin (PP-SC) O deputado disse que próximo presidente eleito da Câmara dos Deputados não vai cumprir um mandato e sim uma missão em um dos momentos mais difíceis da história brasileira.

Comentando as crises social, política e econômica, Amin ressaltou que, além do desafio da urna, o próximo presidente precisa reestabelecer o crescimento, o respeito e a moral nas grandes e pequenas coisas da vida. “Hoje vamos ter uma oportunidade singular de concluir essa eleição sendo menos partidos e mais unidos.

E o que nos une é o desafio de devolver ao povo um parlamento que nos orgulhe, sobre o qual o povo possa dizer: ‘vocês me representam’”, afirmou.

Amin defendeu ainda a importância da convivência pacífica com os diferentes.