No JC deste sábado Uma das indústrias mais tradicionais de Pernambuco, a fábrica têxtil Santista, anunciou o fechamento de suas portas na última quinta-feira (7).
Ativa desde o fim da década de 1970 na BR-101, em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), a empresa encerrou sua produção no Estado com a demissão de 430 trabalhadores.
O alto custo de manutenção da unidade frente a uma baixa produtividade tornaram a fábrica desinteressante para novos investimentos dos acionistas.
Os trabalhos desenvolvidos em Paulista serão transferidos para a unidade da Santista em Americana (SP).
O setor têxtil é um dos que mais vêm sofrendo com a crise econômica.
De acordo com a pesquisa de atividade da indústria, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao mês de maio, o segmento teve queda de 16,2% em sua produção no Estado nos últimos 12 meses.
Entre os funcionários desligados está a tecelã Rosineide Bezerra, com quase seis anos de atividade na fábrica.
Ela e todos os outros trabalhadores da Santista voltavam de férias coletivas de dez dias quando receberam a notícia. “Eles foram bem diretos.
Disseram que a qualidade da produção estava caindo e a fábrica tinha custos muito altos, principalmente de energia, e por isso teriam de fechar as portas”, diz.
O anúncio da demissão em massa foi realizado aos 430 profissionais no pátio da empresa às 7h da quinta-feira após um café da manhã coletivo, combinado pela própria empresa na noite anterior. “Tinha gente passando mal e muito choro.
A gente nem acredita, né?
São pessoas da nossa convivência, que passaram a vida inteira lá, e a empresa diz que vai encerrar as atividades.
Estamos em choque”, completa Rosineide.
Essa não é a primeira fábrica da Santista a fechar as portas no Nordeste.
No mês passado, a mesma empresa anunciou o encerramento de suas atividades em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe. “A fábrica de Sergipe era um braço direito da nossa.
Quando aconteceu, já era um indicativo de que os negócios não iam bem”, revela o presidente do Sindicato dos Tecelões de Paulista, Abreu e Lima e Igarassu, Herman Francisco da Penha.
O presidente reforça, ainda, que não houve diálogo com o sindicato para amenizar o impacto das demissões, tampouco para tentar outras estratégias que não o fechamento da fábrica. “Eles não mantiveram contato conosco.
Poderíamos, por exemplo, entrar com pedido de incentivo fiscal junto ao Estado na tentativa de evitar o fechamento da fábrica, ou negociar outras medidas relativas aos trabalhadores”, defende.
Os funcionários demitidos se encontravam em plena campanha salarial desde 1º de julho.
Em nota divulgada à imprensa, a Santista lamentou o fechamento da indústria, afirmando que a ociosidade nas linhas de produção da unidade de Paulista alcançou nível insustentável e as alternativas para manter as atividades estavam esgotadas.
A empresa também prometeu tomar medidas para apoiar seus profissionais.