Por Osvaldo Matos de Melo Júnior Pernambucano, publicitário, sociólogo e pesquisador de segurança Em tempos de grandes crises, nos deparamos com tantas notícias negativas sobre a questão da violência.

Falta de recursos, tráfico de drogas crescente e violento, policiais assassinados, assaltos a toda hora, bandidos reincidentes tocando o terror, viaturas quebradas, vandalismo, falta de pagamento de itens essenciais para o bom funcionamento das delegacias e quartéis, desmotivação, marginais sendo soltos e zoando da cara dos policiais, crianças matando e morrendo, baixos salários, falta de reciclagem, armamento precário e o pacto afundando.

Diante desses fatos, chegamos a achar que o buraco é tão grande que nunca conseguiremos sair dele, mas presenciei uma cena simples que me fez pensar que ainda podemos superar essa onda nefasta na segurança.

Estava indo para reunião em um daqueles belos empresariais de Boa Viagem, onde podemos enxergar todo o contraste e desigualdade do nosso amado Recife, quando me deparei com o meu irmão, Major Paulo Matos, subcomandante do batalhão responsável pela segurança de Boa Viagem, Pina e imediações.

O major estava no meio de uma roda de taxistas conversando que nem o homem da cobra.

Parei o carro e fui ver o que estava acontecendo.

Notei que todos os taxistas prestavam muita atenção e respondiam a cada questionamento do Major e falavam muito, também igual ao homem da cobra.

Notei que meu irmão tentava pesquisar as opiniões e dicas dos taxistas sobre pontos críticos, assaltantes, pontos de droga, horários e até estimular que os taxistas fizessem observações e criticas sobre o assunto.

Passado alguns dias, fui jantar com meu irmãos e comentamos entre vários assuntos sobre a reunião e ele me disse que montou várias operações e distribuição de policiamento com base em conversas com taxistas, comerciantes, garçons e cidadãos que saiam de padarias e farmácias que aceitaram conversar com ele, conseguindo em várias localidades zerar alguns índices de violência.

Meu irmão defende que a solução é cada vez mais o tratamento especial para cada região.

Concordo com ele totalmente, pois os casos de sucesso no mundo inteiro foram aqueles que municipalizaram seus programas de segurança, mesmo que as policias sejam nacionais, estaduais ou regionais a solução e o preparo é que deve ser focada nos problemas locais Fica a lição que venho insistindo e aprendi com o meu velho pai, o saudoso coronel Osvaldo Matos, que foi delegado e comandante em dezenas de cidades de Pernambuco.

Ele falava que o povo de bem que está nas ruas pode ser determinante para o sucesso de qualquer programa de segurança, basta a polícia saber procurar e escutar e os taxistas são os mais bem informados da cidade e podem ser transformados em patrulheiros voluntários.

As reuniões com muita gente também são importantes, mas esse contato pessoal do comando com o povo nas ruas faz a verdadeira diferença.

A violência acontece na esquina, no bairro e a verdadeira inteligência é colocar a população como parceira, eu cuido de você e você cuida de mim.