Estadão Conteúdo - O presidente em exercício Michel Temer vai tirar nesta quarta-feira, 6, o regime de urgência dos três projetos de combate à corrupção propostos pela presidente afastada Dilma Rousseff, no ano passado, que tramitam atualmente no plenário da Câmara.

A proposta foi feita ontem pela base aliada de Temer na Casa, após reunião com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

LEIA MAIS: » New York Times dá ouro em corrupção para o Brasil » Aprovada a Declaração de Brasília Contra a Corrupção » Sérgio Moro diz que prisão não basta para combater corrupção Com a determinação, o governo deve incluir as propostas a partir da próxima semana na comissão especial que analisará o projeto 10 Medidas Contra a Corrupção, apresentado pelo Ministério Público Federal e por uma ação popular que coletou mais de 2 milhões de assinaturas.

Da reunião com Janot participaram 18 deputados de 14 partidos.

Segundo o líder do governo, André Moura (PSC-SP), houve um acordo com Janot para tirar o regime de urgência das medidas, pois algumas matérias são consideradas correlatas com os projetos anticorrupção propostos pelo Ministério Público Federal Para o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, as propostas poderão ser compatibilizadas na comissão. » Janot diz que sociedade quer o fim da impunidade e combate à corrupção » Advogado pernambucano critica as 10 medidas contra corrupção propostas pelo MPF O pacote de Dilma foi lançado como resposta às manifestações de março de 2015 e inclui criminalização de caixa 2 e tipificação do crime de enriquecimento ilícito de agentes públicos.

Moura diz que a iniciativa se justifica por causa da necessidade de discutir as propostas, o que poderá ocorrer na comissão especial para onde os textos serão enviados.

A estimativa é de que os trabalhos durem de dez a 40 sessões plenárias.

O líder do governo alegou que o regime de urgência precisa ser retirado para que outros textos prioritários para o Planalto sejam apreciados, como a renegociação das dívidas dos Estados e o projeto que muda regras de exploração do pré-sal.

O parlamentar afirmou que todos os partidos vão indicar nomes para a comissão até hoje, para que o colegiado seja instalado na próxima semana.

O compromisso teria sido firmado na reunião com Janot, que pediu celeridade na análise das matérias. » Operações federais contra corrupção aceleram busca por compliance » Deputada que homenageou marido investigado por corrupção vira alvo do STF » Sérgio Moro afirma que corrupção se alastrou no País “porque prisão não é regra” Até a manhã de ontem PMDB, PP, PT, PSC e PC do B não haviam indicado integrantes.

Mas, no início da tarde, o PC do B indicou Angela Albino (SC) e o PMDB, Celso Maldaner (SC), Alexandre Serfiotis (RJ), Josi Nunes (TO) e Valdir Colatto (SC).

Faltam PT e PSC.

Em nota, Janot destacou que é importante existir uma conversa “franca e aberta” entre Ministério Público e Congresso.

Ele afirmou que o objetivo das medidas não é criminalizar a política “Respeitamos o Parlamento e entendemos que, sem a política, não há solução.” » Ministro do Turismo recebeu recurso do petrolão, diz Janot » Em diálogos gravados, Jucá fala em pacto para deter avanço da Lava Jato » Cai terceiro ministro de Temer; Henrique Eduardo Alves pede demissão Abuso de autoridade O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que votará o projeto que define crimes de abuso de autoridade antes do recesso parlamentar, em 13 de julho.

A proposta causou estranheza pelo fato de abrigar pontos semelhantes às reclamações de parlamentares em relação à condução da Lava Jato. » Secretária de Temer integrou articulação criminosa, diz PGR » Após reunião com Temer, Romero Jucá deixa Ministério do Planejamento » Após pressão, Fabiano Silveira pede demissão do Ministério da transparência “Esse projeto vai ser votado, sim.

A lei de abuso de autoridade é de 1965.

Está velha, anacrônica, gagá.

Precisa ser atualizada.

A lei não é contra o Ministério Público nem contra o Executivo. É contra o carteiraço, que é hoje uma prática generalizada no Brasil”, disse Renan.