Agência Brasil - Na parte final de seu depoimento por escrito lido nesta quarta-feira (6) pelo advogado José Eduardo Cardozo na Comissão Processante do Impeachment do Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) reafirmou sua inocência sobre as acusações que motivaram o processo que pode resultar na perda definitiva de seu mandato.

Foto: Marcelo Camargo/ABr - Foto: Marcelo Camargo/ABr Foto: Marcelo Camargo/ABr - Foto: Marcelo Camargo/ABr Foto: Marcelo Camargo/ABr - Foto: Marcelo Camargo/ABr Foto: Marcelo Camargo/ABr - Foto: Marcelo Camargo/ABr Foto: Marcelo Camargo/ABr - Foto: Marcelo Camargo/ABr Dilma Rousseff ressaltou que, desde a abertura do processo pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “as razões reais e a finalidade” do impeachment são claras. “Várias forças políticas, viam e continuam a ver, a minha postura de não intervir ou de não obstar as investigações realizadas pela operação Lava Jato, como algo que colocava em risco setores da classe política brasileira.” LEIA TAMBÉM » Lula assume articulações contra o impeachment » Advogado lê carta de defesa de Dilma contra impeachment » Humberto Costa diz que Comissão do Impeachment caminha para o fim “sem provar crime de Dilma” A petista se disse alvo de um complô ao lembrar a conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que resultou na saída de Jucá do comando do Ministério do Planejamento dias depois de ter sido nomeado pelo presidente interino, Michel Temer. “Como disse um dos líderes mais importantes do governo interino, o senador Romero Jucá, era preciso me destituir da Presidência da República para que, enfim, fosse possível um acordo que esvaziasse as operações policiais contra a corrupção e fosse estancada a ‘sangria’ resultante dessas investigações.

Várias outras declarações de integrantes do grupo que apoia ou está hoje no governo confirmaram esta revelação: era preciso me derrubar para ter uma chance de escapar da ação da Justiça”, citou. » Temer quer apoio de Lula caso impeachment aconteça » Renan confirma votação final de impeachment após Olimpíada Dilma acrescentou que a estes setores se somaram os que, desde o resultado eleitoral de 2014, não reconheceram a derrota nas urnas. “Queriam uma outra política para o país, com finalidades e propósitos completamente diferentes daqueles que foram escolhidos pela maioria dos brasileiros”, disse a presidenta afastada, destacando que foi vitoriosa nas urnas graças a políticas sociais de seu governo.

APELO - Dilma Rousseff concluiu sua defesa com um apelo aos senadores, a quem pediu que reflitam sobre o impeachment com absoluta isenção. “Peço que reflitam, com absoluta isenção, sobre a história do nosso país e sobre o que representará para a nossa jovem democracia a cassação de um mandato presidencial realizada nestas circunstâncias e por estes motivos.

Manifesto minha sincera confiança na compreensão das senadoras e dos senadores que, mesmo sendo de oposição ao meu governo, estejam abertos a considerar meus argumentos.

Espero que muitos estejam dispostos a agir com isenção.

Basta que se analise este processo para que se saiba que não cometi as irregularidades que são atribuídas a mim.

As provas são evidentes e demonstram cabalmente que agi de boa-fé, pelo bem do país e do nosso povo – e sempre dentro da lei.” » Governo Temer retira urgência de pacote anticorrupção de Dilma » Vaquinha para pagar viagens de Dilma supera R$ 500 mil em 2 dias » Lula vai participar de atos pró-Dilma em Pernambuco nos dias 11 e 13 TEMER - Nas últimas linhas da defesa, a presidenta afastada voltou a criticar o Michel Temer e o acusou de traição e mentira. “O Brasil não merece viver uma nova ruptura democrática.

Devemos mostrar ao mundo e a nós mesmos que conseguimos construir instituições sólidas, capazes de resistir a intempéries econômicas e políticas.

Devemos mostrar que sabemos honrar a nossa Constituição, a democracia e o Estado de Direito, zelando pelo respeito ao voto popular.

Devemos mostrar, finalmente, que sabemos dizer não a todos os que, de forma elitista e oportunista, agindo com absoluta falta de escrúpulos, valem-se da traição, da mentira, do embuste e do golpismo, para hipocritamente chegar ao poder e governar em absoluto descompasso com os desejos da maioria da população”, concluiu.

PRÓXIMOS PASSOS - A próxima reunião da Comissão Processante do Impeachment será para apresentação do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), no dia 2 de agosto ao meio-dia.

Na ocasião, o parecer será lido na comissão, para discussão no dia seguinte e votação no dia 4 de agosto.

Antes disso, desta quinta (7) a 12 de julho, a acusação enviará as alegações finais ao colegiado.

Entre os dias 13 e 27 de julho, caberá à defesa apresentar os argumentos finais.

A partir daí até 1º de agosto, o relator poderá elaborar seu parecer sobre o caso. » Comissão do Impeachment encerra depoimentos de testemunhas » Para perícia do Senado, Dilma liberou créditos, mas não atuou em pedaladas