O senador e ex-líder do governo Dilma, Humberto Costa (PT-PE), avaliou o recente encontro entre o presidente interino Michel Temer (PMDB) e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Palácio do Jaburu, além da divulgação de negociações de cargos entre o governo interino e parlamentares no Congresso Nacional deixam clara a tentativa de Temer de salvar o mandato de Cunha. “É preciso que tenhamos muita clareza de que o presidente interino está agindo decisivamente para salvar Eduardo Cunha nesse processo de cassação, numa ação descarada que passa, obviamente, pela barganha com deputados para que votem contra o relatório do Conselho de Ética que determina a perda de mandato do presidente afastado da Câmara”, disse o senador em discurso na tribuna do Senado.
O ex-presidente da Câmara foi afastado do cargo por denúncias de corrupção, réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF), e teve a sua cassação recomendada pelo Conselho de Ética da Casa.
Eduardo Cunha também foi o principal articulador do impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados.
Segundo Humberto Costa, o processo de negociação de votos tem adiado a sanção da Lei de Responsabilidade das Estatais, que tem como objetivo dar mais transparência e aumentar o rigor na escolha de nomes para direção de cargos nas estatais. “Temer preferiu segurar a sanção da lei porque está avaliando vetar pontos da norma que tratam, por exemplo, do impedimento de indicações políticas para esses cargos, com a finalidade de atender a nomeações formuladas por parlamentares”. “Está aí nos jornais: em menos de 24 horas, mais de 140 nomeações. É a caneta do governo golpista buscando a viabilidade política por meio do fisiologismo, do empreguismo, da ocupação de cargos públicos na administração direta pelos aliados.
Mas não é suficiente.
Então, é necessário o uso das diretorias das estatais para pagar essa fatura, em razão de que ele suspendeu a sanção da lei para discutir o melhor caminho de apor vetos que possam garantir porteiras abertas para fazer dessas vagas, poderosas moedas de troca”, questionou Humberto Costa.
O senador cobrou também o governo peemedebista pela política de cortes, que vem atingindo programas sociais, no mesmo dia em que o reajuste do Bolsa Família. “É um escândalo. É essa a conta do golpe dado contra Dilma, que Temer agora se esmera para pagar.
Para acertar essa fatura, não existe ajuste.
O ajuste existe é nas costas da população, com a destruição de políticas sociais.
Para a quitação dessa malandragem, não há limites”, afirmou Humberto Costa.