Estadão Conteúdo - A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) criticou o encontro entre o presidente em exercício, Michel Temer, e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que Cunha representa uma ameaça “integral” e “em todos os sentidos” ao governo interino. “Domingo passado o senhor Eduardo Cunha foi visitar o senhor presidente interino e provisório no Jaburu, não trataram de futebol certamente, agora trataram de questões que dizem respeito à governabilidade do País”, disse, em entrevista ao Jornal do SBT.

Interlocutores de Temer confirmam o encontro e dizem que Cunha foi ao Jaburu sem avisar, já o presidente afastado da Câmara nega que tenha estado com Temer.

Segundo Dilma, mesmo que Cunha escape do processo de cassação é difícil acreditar que ele perderá sua influência na Câmara e no governo Temer. “Será que ele escapando ou não perderá o controle que tem sobre uma parte da Câmara?

Ele deixará de ter sido o grande fiador desse impeachment?

Deixará de exercer (influência) sobre todo o governo provisório?”, disse.

Questionada se acreditava que Cunha era uma ameaça ao governo Temer respondeu: “integral e em todos os sentidos”.

LEIA TAMBÉM » Vaquinha para pagar viagens de Dilma passa de R$ 67 mil em quatro horas » Para perícia do Senado, Dilma liberou créditos, mas não atuou em pedaladas Indagada se a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, de só afastar Cunha depois do processo de impeachment ser aceito na Câmara, Dilma disse que isso poderia comprometer sim o andamento do processo, mas ressaltou que ele já estava contaminado. “O processo tem um pecado original que tem nome: Eduardo Cunha.” Dilma disse que “dentro das possibilidades está bem” e afirmou que vai recorrer ao STF caso o processo de impeachment avance no Senado. “(Se for aprovado) vai ser outra batalha no Supremo, sempre vai ter Supremo como última instância”, disse, ressaltando que o STF não está endossando o processo. “Pelo contrário, (o Supremo) está dizendo que a análise do mérito não é deles enquanto os senadores não julgarem.” » Eduardo Cunha pede ao STF a quebra do próprio sigilo telefônico e o de Lobão » Por unanimidade, STF transforma Cunha em réu pela segunda vez A petista afirmou que a perícia feita pelo Senado comprova que o impeachment não tem base para avançar e que ainda pretende batalhar para barrar o processo no Senado.

Na segunda-feira (27), o corpo técnico do Senado responsável por elaborar uma perícia do processo de impeachment entregou laudo que responsabiliza a petista pela edição de decretos de créditos suplementares, mas que a isenta da atuação nas chamadas pedaladas fiscais. “Acho que reforça o caminho (dos argumentos no Senado).

Há um golpe, porque a constituição prevê que para ter impeachment é preciso ter crime de responsabilidade e não tendo crime não pode ter impeachment”, disse.

A presidente afastada também comentou a decisão do ministro do STF, Dias Toffoli, de revogar a prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. “Eu considero que o Supremo tem tido uma posição bastante correta quando se trata de impedir que as prisões passem a ser, que tenham outro sentido de não aqueles previsto na lei”, disse. “Eu acredito que foi uma decisão prudente e muito firme do Toffoli”, afirmou. » Temer suspende transmissão ao vivo de eventos oficiais fora de Brasília » Temer anuncia reajuste do Bolsa Família e R$ 700 milhões para educação Dilma também rechaçou a possibilidade de aparecer alguma irregularidade ligada a ela e a pagamentos ao marqueteiro de campanha João Santana na delação do empresário Marcelo Odebrecht “Quem é o informante de dentro do processo de delação que começa com essas informações?

Eu paguei R$ 70 milhões para João Santana, o candidato adversário pagou metade.

O que eu tinha a mais de pagar que era necessário pagar caixa dois?”, disse.

NOVAS ELEIÇÕES - Dilma disse que não vai tomar a iniciativa de propor o plebiscito para novas eleições caso volte ao poder, mas ressaltou que caso haja essa proposta por parte do congresso vai endossar. “Não é assim simples.

Uma coisa importante é manter a unidade daqueles que me apoiam num extremamente difícil momento”, disse. “Essas pessoas têm diferença de opinião, alguns são a favor e outros contra.

Se os 27 senadores me propuserem isso eu vou endossar, mas eu não vou tomar iniciativa de fazer isso”, disse. » Dilma discute com senadores consulta sobre novas eleições » “O povo que tem que escolher se quer ou não novas eleições”, diz Humberto OLIMPÍADA - Dilma disse que ainda não foi convidada para a abertura dos Jogos Olímpicos, mas que tem vontade de comparecer e que acha justo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também seja chamado. “Acredito que eventualmente serei convidada, gostaria por um motivo muito simples: fiz todas as tratativas, preparativos e obras.

Eu me sinto mãe dessa Olimpíada e o Lula é o pai, é justo que eu e Lula estivéssemos”, disse.