Estadão Conteúdo - O empresário Flávio Henrique de Oliveira Macedo, um dos donos da Credencial Construtora Empreendimentos e Representações - principal foco da Operação Vício, 30ª fase da Lava Jato - declarou à Polícia Federal que realizou saques de altos valores, entre R$ 50 mil a R$ 90 mil, para cobrir despesas “com casamento, lua de mel”.

LEIA MAIS: » Moro reduz pena de José Dirceu » Lava Jato investiga pagamentos de bilionário mexicano a Dirceu » Juiz Sérgio Moro condena José Dirceu a 23 anos de prisão na Lava Jato » Ex-tesoureiro do PT, Vaccari, quer fazer delação premiada, diz revista Flávio Macedo, preso preventivamente no dia 24 de maio, depôs na segunda-feira, 21, na Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato.

Ele foi questionado pelos investigadores sobre os saques em espécie que fazia com o sócio Eduardo Meira.

Segundo a PF e a Procuradoria da República, a Credencial foi utilizada para viabilizar o pagamento de propina ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) e seu irmão, o advogado Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. » José Dirceu tem registro de advogado cancelado » Seis dias após ser condenado, Dirceu é citado em nova fase da Lava Jato » Dirceu recorre no STF de decisão que negou a ele perdão de pena no mensalão De acordo com as investigações, a Credencial recebeu mais de R$ 30 milhões, não declarou nenhum empregado, e os sócios sacaram na boca do caixa a maior parte dos recursos.

Em seu depoimento, Macedo disse, segundo registrou a PF, “que realizou saques de altos valores, cerca de R$ 50 mil a R$ 90 mil, para arcar com despesas de construção de sua residência, que foi iniciada em 2007 e concluída em 2013, além de despesas com casamento, lua mel, etc.” Para a força-tarefa da Lava Jato, há indicativos de que a Credencial é uma empresa de fachada.

A sede declarada da empresa, no bairro do Sumaré, na zona oeste de São Paulo, é o endereço residencial de Eduardo Meira.

Os donos da Credencial foram os únicos presos da Operação Vício.

Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo estão presos em Curitiba.

Segundo a PF, a companhia transferiu valores para o grupo político do PT que mantinha Renato Duque na Diretoria de Serviços da Petrobras. » Dirceu pede ao STF perdão de pena em processo do mensalão » Moro também condena Vaccari, ex-tesoureiro do PT, por corrupção » Filho de Lula, Vaccari e Léo Pinheiro também são denunciados pelo MP de SP A Procuradoria sustenta que o advogado Luís Eduardo Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, indicou ao lobista Julio Camargo a Credencial para fazer o repasse de propinas.

Segundo Camargo, a propina de 25% para Dirceu saiu de um total de R$ 6,679 milhões, valor repassado “sem causa” para a Credencial.

A PF aponta “fortes indicativos” da participação do ex-ministro da Casa Civil e de Renato Duque nos ilícitos.

Ambos foram recentemente condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a penas de 23 anos e 10 anos de prisão, respectivamente.

A pena de Dirceu foi reduzida para 20 anos de prisão porque ele tem 70 anos de idade. » Operação Vício atinge ao mesmo tempo esquemas do PMDB e do PT na Petrobras » Presos na Lava Jato, Dirceu e Vaccari propõem ‘leniência partidária’ a PT Renato Duque também já foi condenado em outras duas ações penais A soma das sanções a ele aplicadas chega a 50 anos, 11 meses e 10 dias de prisão.

O criminalista Roberto Podval afirma que o ex-ministro Dirceu nunca recebeu propinas.