Por Ariston Costa, advogado e professor de direito Assim que amanheceu, pude constatar um Recife ensolarado.

Como diz o poeta: “O Recife acordou deu bom dia encontrou todo o povo nas ruas, nas pontes, nas praças, se amando, se encontrando com alegria…” Mas, confesso que apesar do inicio dos festejos juninos acordei com um sentimento de repugnância quando vi, pairando numa tela de celular, sobre inúmeros comentários em vários aplicativos e redes de comunicação, afinal são tempos de uma sociedade interligada em redes, um comentário preconceituoso de incitação ao ódio e ao crime feito por uma pessoa pública, afeito a redes sociais e matérias em nossa imprensa local.

A imagem se referia a dois jovens com uma arma, e o mesmo perguntava, em tom sarcástico, se iriam a uma boate local destinada à comunidade LGBT do Recife.

Precisamente a Boate Metrópole, casa de igualdade e respeito à sexualidade, dirigida pela empresária Maria do Céu,destemida ativista do movimento LGBT, que de pronto se manifestou sobre tamanha agressão.

Estamos diante de um curtíssimo lapso de tempo dos atentados de Orlando.

O caso da Boate Pulse, ocorrido a menos de dez dias, apresenta o cenário do pior atentado a tiros já cometido nos EUA, relevou a realidade de uma das minorias que mais estão vulneráveis aos crimes de ódio nos EUA e em todo o mundo.

Segundo estatísticas do FBI (Policia Federal Americana), o risco de membros da comunidade LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) serem vitimas de crimes de ódio supera o de qualquer outra minoria dos EUA.

Podem constatar, com base em dados dessa referida pesquisa que é, praticamente, duas vezes maior que para negros e judeus; e quatro vezes maior que para mulçumanos.

A imprensa conservadora americana, logo tratou de se reportar ao ocorrido como um atentado terrorista islâmico, causando revolta na comunidade LGBT, pois nesse intuito omitiam intencionalmente o preconceito que sofrem diariamente.

O atentado de Orlando possui exclusivamente caráter homofóbico que atingiu diretamente a luta por direitos de igualdade de gênero em todo o planeta.

Com relação ao estado psicológico de Matten, assassino da Boate Pulse jamais será desvendado.

Quanto aos que ficaram, resta à esperança que o movimento se fortaleça, de uma forma semelhante ao que ocorreu nas lutas pelos direito civis depois dos casos de violência contra negros nas décadas de 1950 e 1960 nos EUA.

Não se pode deixar que se façam piadas ou brincadeiras de mal gosto com os direitos de igualdade de gênero, e casos emblemáticos como o da Boate Pulse.

Não se pode incentivar, por detrás de um comentário jocoso uma cegueira intencional que legitima o preconceito sofrido todos os dias por esta minoria. É lamentável mas o Recife não está tão diferente do mundo a nossa volta…

PS: Parabenizo por artigo publicado hoje e publicação das conversas preconceituosas emitidas por empresário pernambucano.

A imprensa deve seguir sempre assim!

Destemida e Ousada!