Estadão Conteúdo - O delator Vinícius Veiga Borin afirmou em seu depoimento à Operação Lava Jato que, nos casos envolvendo transações da Odebrecht que teriam como objetivo viabilizar dinheiro em espécie no Brasil, as operações eram chamadas por apelidos como “Kibe” e “Dragão”, que aparecem nas planilhas apreendidas pela Lava Jato na sede da Odebrecht.
Nesses casos, relata, havia “mais uma camada de offshores” no Meinl Bank Antigua controlada pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que recebia os valores de Olívio Rodrigues.
LEIA TAMBÉM » Sobrinho de Delfim Netto agora ‘se lembra’ de R$ 240 mil da Odebrecht » Baiano diz ter recebido R$ 500 mil da Odebrecht quando estava preso A Operação Dragão envolvia a transferência de dinheiro para “uma das quatro contas de um chinês denominado Wu-Yu Sheng”, que era quem fazia entrega de dinheiro em espécie.
Todas as quatro contas de Wu-Yu, segundo Borin, já foram encerradas e o chinês deixou o Brasil em 2015 para ir morar na Flórida.
Já as operações “Kibe” e “Esfirra”, relatou, seriam aquelas nas quais Tacla encaminhava o dinheiro para dois irmãos operadores identificados pelo delator apenas como Adir e Samir.
Tacla e Wu-Yu Sheng não foram localizados.
BANCO - O executivo disse que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010.
Vinícius Veiga Borin citou transferências “suspeitas” das contas associadas à Odebrecht que somam ao menos US$ 132 milhões.
Borin trabalhou em São Paulo na área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010.
Ele e outros ex-executivos do AOB se associaram a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, então executivos do Departamento de Operações Estruturadas - nome oficial da central de propinas da empreiteira, segundo a Lava Jato - da Odebrecht para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, de Viena, em Antígua, um paraíso fiscal no Caribe. » Com Lava Jato, Odebrecht demite 50 mil e vê dívida em R$ 110 bi » Dilma teria conversado com Odebrecht sobre propina, diz revista A aquisição envolveu ainda Olívio Rodrigues Júnior, responsável por intermediar a abertura das contas para a empreiteira no AOB.
A participação de 51% da filial da instituição financeira em Antígua foi adquirida, segundo o relato, por US$ 3 milhões mais quatro parcelas anuais de US$ 246 mil.
Ao final da negociação, o grupo passou a ter 67% do Meinl Bank Antígua.
A Procuradoria da República no Paraná pediu na sexta-feira ao juiz federal Sérgio Moro que homologue a delação premiada de Borin e de outros dois executivos do AOB: Luiz Augusto França e Marcos Pereira de Sousa Bilinski.
Somente Borin prestou depoimento.