O deputado federal Daniel Coelho fez, neste sábado, críticas ao sistema eleitoral brasileiro e aos partidos “sem ideologia política” que dificultam a realização de uma reforma política no país.
O parlamentar fez plateia de estudantes durante o Brazil Forum UK 2016, na Universidade de Oxford, na Inglaterra, defendendo o fim das coligações eleitorais e disse que o sistema partidário brasileiro “está intrinsecamente ligado à corrupção”.
O evento começou na sexta-feira.
Na mesa em que o pernambucano participou, também estiveram presentes o ministro do STF Luís Roberto Barroso, o deputado federal Alessandro Molon (REDE-RJ) e o ex-advogado-geral da União Luís Inácio Adams. “A gente consegue identificar essa polarização entre PSDB e PT nas eleições presidenciais, mas quando a gente vai para o Parlamento é quando a gente percebe a fragilidade do nosso quadro político.
A abertura de novos partidos, sem identidade ideológica e programática, virou um business no Brasil, virou um negócio.
O cara faz um partido porque ali tem interesse, tem fundo partidário – que é dinheiro – e tem tempo de televisão a ser negociado em eleição, que vai virar a ocupação das estatais para fazer dinheiro através da corrupção”, criticou Daniel Coelho.
Segundo Daniel, embora seja polêmica, a cláusula de desempenho é essencial para a mudança no sistema atual. “Há a necessidade de uma reforma política para a gente avançar na democracia brasileira.
E eu não consigo ver uma reforma política, na nossa legislação, onde você precisa de 308 votos na Câmara dos Deputados, e você tem 29 partidos.
Desses 29, vamos ser bem otimistas e dizer que quatro ou cinco têm posições ideológicas e programáticas.
Na grande maioria, os outros estão ali por interesse, nesse jogo de ocupação de espaços.
Dificilmente você cria um consenso com essa fragmentação, sem posição ideológica”, opinou.
Ainda em sua palestra, Daniel citou uma situação peculiar que existe no Parlamento brasileiro: a existência de partidos que não mudam de posição independente dos governos. “(Alguns partidos) Transitam de um governo para o outro.
Tem deputados que dizem ‘eu não mudo, quem muda é o governo.
Vou continuar sempre do lado dele’.
Tem um grupo que deram o nome de Centrão, mas que eu costumo chamar de “massa cinzenta”, que é aquele pessoal que apoiou Sarney, que apoiou Fernando Henrique, que apoiou Lula, que apoiou Dilma, que hoje apoia Temer e que a gente tem uma certeza: em 2019 eles vão apoiar quem ganhar a eleição de novo.
Esse grupo sem identificação atrapalha muito a gente”, lamentou.
Defensor do voto distrital, Daniel também falou sobre a “aberração” das coligações eleitorais. “A gente pode construir um quadro sem coligações. É uma aberração nossa eleição, onde a gente tem um sistema proporcional com coligações, o eleitor vota num candidato e elege um de outro partido, com uma pauta diferente, com uma história diferente e ele, na verdade, não sabe qual a função do seu voto.
Não há a obrigatoriedade de que as coligações permaneçam como um bloco parlamentar ao longo do mandato.
Você faz uma coligação regional com o único intuito de eleger aquelas pessoas.
Passou, cada um vai pra um lado.
A vontade do eleitor termina não sendo respeitada.
O sistema eleitoral da gente está equivocado”, disse.