Reinaldo Azevedo, na Folha de São Paulo Sérgio Machado me parece o mais despudorado de todos os que fizeram delação premiada.

Seja ou não verdade tudo o que diz, nota-se a sua disposição de arrastar, e com certo prazer perverso, companheiros de viagem para a lama na qual chafurdou e se refestelou sem quaisquer limites.

Que tipo de gente converte a própria família numa organização criminosa?

Ele é também chegado a uma metáfora bastante crítica sobre o padrão de governança no Brasil.

Olha o próprio país com esgar de desprezo em razão dos maus costumes de sua elite dirigente.

Machado é certamente do tipo que aprecia a honestidade e a rigidez de alguns governos europeus.

Mas deve considerar que isso não é pra nós.

Em solo pátrio, ele prefere ser agente da bandalheira.

Exportou um braço do clã, um filho, para fazer safadeza lá fora.

Roubava para partidos e roubava para si mesmo.

Consta que vai devolver R$ 75 milhões.

Uma de suas expressões despertou em mim certo fascínio enojado, mas que dá o que pensar.

O homem afirmou que a Petrobras é “a madame mais honesta dos cabarés do Brasil”.

Bem, a minha primeira tentação é pedir que Machado tenha mais respeito com os cabarés.

Quando se trata de metaforizar, as mulheres dedicadas a divertir os outros por dinheiro não merecem ser associadas a boa parte dos políticos.

Até porque têm o direito de fazer as próprias regras para o seu corpo.

A canalha que tomou conta do Estado é que não tem o direito de usar o Brasil como propriedade privada.

Que mal fizeram as putas todas ao país?

Respondo: nenhum!

E essa gente que está por aí, que converteu a “política” numa grande delegacia de “polícia”?

O Brasil resgatou a origem comum dessas duas palavras, que a civilização havia se encarregado de separar. “Madame mais honesta dos cabarés”?

Machado quis dizer que, na comparação com outros órgãos públicos e com outras estatais, até que a Petrobras é bastante séria.

E quem o diz é um criminoso confesso, que passou os últimos 13 anos da vida assaltando os cofres públicos.

Digam-me aqui: quem há de negar que, nesse particular ao menos, ele fala a verdade?

A Transpetro só foi um antro de roubalheira porque é subsidiária de uma estatal.

E então se chega ao nome do problema. É claro que acredito na possibilidade de haver dirigentes honestos de empresas públicas, mas prefiro depender pouco do arbítrio pessoal.

Enquanto houver estatais no país, que sirvam aos interesses de partidos e de políticos, os brasileiros continuarão vítimas de safados. É preciso cortar o mal pela raiz.

E a raiz do mal é o estatismo, que impõe à iniciativa privada o comportamento criminoso.

E não estou dizendo que os empresários que se meteram em lambanças sejam vítimas.

São criminosos também.

Quando se tem, no entanto, Machado no comando, qual é a alternativa para fazer negócios com a Transpetro?

E a quem Machado servia?

Não é mera coincidência que os maiores escândalos da nossa história tenham vindo à esteira da demonização das privatizações, empreendida pelo PT, e pela óbvia hipertrofia do Estado nesses últimos 13 anos.

Uma estrutura criminosa dessa dimensão não teria sido erigida sem o aporte de uma cultura que valorize o crime: o estatismo.

O resto é conversa mole de falsos indignados.

Privatização já!