Estadão Conteúdo - Indagada sobre a delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que cita diretamente o presidente em exercício Michel Temer, a presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 15, que um dos objetivos do processo de impeachment é evitar que a Lava Jato atinja integrantes do governo do PMDB e seus aliados, entre eles o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de pedido de cassação.

LEIA MAIS: » Humberto Costa diz que delação contra Temer vai ajudar Dilma » Sérgio Machado deverá devolver R$ 75 milhões aos cofres públicos » Lewandowski rejeita recurso de Dilma para incluir áudios de Machado no processo “Há uma tentativa que deu certo quando a solução Temer virou um processo de impeachment de evitar duas coisas.

De um lado submeter (ao País) o que você acredita, a sua pauta.

E a outra é impedir que o processo de investigação atinja integrantes do governo provisório”, afirmou Dilma depois de participar de um evento em João Pessoa.

A presidente afastada disse ainda não ter tido acesso ao teor da delação de Machado.

Segundo ela, suas conclusões se baseiam em uma frase do senador Romero Jucá (PMDB-RR) gravadas pelo ex-presidente da Transpetro: “Tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria”.

Dilma reiterou que os acontecimentos posteriores ao seu afastamento deixam mais clara a “forte relação” entre Temer e Cunha. » José Sarney diz que vai processar Sérgio Machado » Defesa de Dilma pede inclusão de delação de Sérgio Machado no impeachment » Dilma pressiona governo Temer sobre Transposição e avisa: “Não vou renunciar” A presidente iniciou nesta quarta-feira um giro de três dias pelo Nordeste, região onde teve a maioria dos votos nas eleições de 2010 e 2014 e mantém os melhores índices de aprovação.

Audiência Acompanhada pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), contrário ao impeachment, a petista participou de uma audiência pública convocada pela Assembleia Legislativa sobre a democracia brasileira que se transformou em um ato contra o governo Temer.

Para poder receber um número maior de pessoas, a audiência foi realizada no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, administrado pelo governo estadual.

O local não estava completamente lotado, mas milhares de pessoas, boa parte militantes de movimentos sociais, foram manifestar apoio e ovacionaram Dilma. » Delação de filho de Machado causa apreensão no PMDB » “Aécio é o cara mais vulnerável do mundo”, afirma Machado em conversa com Renan » Machado revela propina de R$ 1 milhão para Aécio e caixa 2 do PSDB em 1998 e 2000 Embora um dos objetivos da caravana pelo Nordeste seja reverter o impeachment no Senado, a chance de mudar o voto dos senadores paraibanos é mínima.

Cássio Cunha Lima (PSDB), José Maranhão (PMDB) e Raimundo Lira (PMDB) são aliados de Temer e foram favoráveis ao processo.

Ambulância Segundo Dilma e Coutinho, o governo federal se recusou a liberar uma ambulância do SAMU e batedores da Polícia Rodoviária Federal para acompanhar a visita da presidente afastada. “Este é um direito meu, líquido e certo.

Eu tenho direito a segurança.

Isso apavora eles.

Se a minha segurança for comprometida a responsabilidade é do presidente da República, sob exercício provisório do Temer.

Isso é a mesquinharia do Temer”, disse ela Segundo Dilma, o governo Temer cortou R$ 17 milhões que haviam sido liberados para o término das obras de um viaduto na capital paraibana.

Ela chamou a atitude de “patrimonialista”. “Confundir o público com o privado é a base da visão que leva à corrupção. É achar que o dinheiro público pode ser desviado.” » Machado aponta Temer, Sérgio Guerra e outros políticos em propinas da Transpetro » PT estuda novo pedido de impeachment de Temer com base em delação de Sérgio Machado » Temer afirma respeito a limites de recursos de campanha; PSDB repudia acusações de Machado Em seu discurso, a presidente afastada voltou a mostrar simpatia pela ideia de um plebiscito para decidir, entre outras coisas, sobre a possibilidade de convocação de novas eleições.

Segundo Dilma, o modelo de governabilidade adotado desde a Constituição de 1988, baseado no “toma lá dá cá” se esgotou e o Brasil precisa de um novo pacto político que passe pelo voto popular. “Acho que esse toma lá dá cá já deu o que tinha que dar e não é só por uma questão ética, é sobretudo porque o padrão, o modelo, se esgotou.

Ele não dá conta do Brasil.

Tanto que uma parte dos meus ministros mudou literalmente de lado.” » Sérgio Machado afirma que captou para Jandira Feghali » Dilma pressiona governo Temer sobre Transposição e avisa: “Não vou renunciar” A petista admitiu que não existe consenso sobre o formato e conteúdo do plebiscito e que a iniciativa não cabe ao presidente e sim ao Legislativo mas defendeu a participação popular na elaboração de uma saída para a crise política.

Nesta quinta-feira, 16, Dilma participa tem agenda em Salvador e na sexta no Recife.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.