Estadão Conteúdo - O número de ações movidas por juízes e promotores contra três repórteres e outros dois profissionais do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, chegou a 45.

As ações tiveram início após a publicação de reportagem sobre os vencimentos dos magistrados e representantes do Ministério Público.

Os processos começaram a ser ajuizados em abril, em várias cidades paranaenses.

O fato tem alterado a rotina dos profissionais do jornal, de 97 anos de existência.

As audiências marcadas para esta segunda-feira, 13, no interior do Estado foram remarcadas.

Hoje, o grupo viaja para União da Vitória, a três horas de Curitiba, para participar de audiências.

Eles se deslocam e retornam no mesmo dia.

Amanhã, seguem para Medianeira, a 600 quilômetros da capital paranaense, para depor na quinta-feira.

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A reportagem, publicada em fevereiro, mostrava que, somadas as gratificações, o rendimento médio dos juízes e promotores superava o teto constitucional do funcionalismo público, de mais de R$ 30 mil. “Essas ações adicionais só mostram que tem mais alguns juízes que não conseguem entender que a função que eles exercem é pública, e que a remuneração deles faz parte de um debate público necessário”, disse o diretor de redação do jornal, Leonardo Mendes Júnior. » Em critica à imprensa nacional, Sílvio Costa reclama contra “lacerdistas” do século 21 “Esperamos que esse aumento de ações ajude na compreensão total da ministra Rosa Weber do que está acontecendo aqui no Estado e de que esse é um caso para o Supremo Tribunal Federal”, afirmou o diretor de redação, lembrando que o jornal aguarda decisão da ministra sobre recurso para que as ações sejam encaminhadas à Corte. ‘Assédio judicial’ As ações judiciais foram alvo de notas de repúdio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), cujos dirigentes denunciaram o “assédio judicial” na sexta-feira passada, no 29.º Congresso Mundial dos Jornalistas, em Angers, na França. » Direito de resposta fortalece a imprensa e a democracia, diz Humberto Ao todo, os processos contra os repórteres Francisco Botelho Marés de Souza, Rogério Galindo e Euclides Garcia, o analista de sistemas Evandro Balmant e o infografista Guilherme Storck cobram indenização de R$ 1,3 milhão do jornal. Áudio do presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Francisco Mendes Júnior, reforçou a suspeita de uma ação coordenada dos magistrados. “Já estamos providenciando um modelo de ação individual feito a muitas mãos por vários colegas e com viabilidade de êxito para que cada um possa ingressar com essa ação individual caso considere conveniente”, diz ele no WhatsApp.

O jornal O Estado de S.

Paulo procurou nesta segunda-feira a Amapar, mas nenhum representante foi localizado para comentar o assunto.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.