Estadão Conteúdo - O juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, autorizou o compartilhamento de provas obtidas na operação envolvendo a empreiteira Odebrecht com a Polícia Federal em Pernambuco para uma investigação sobre a Arena Pernambuco, construída no Recife para a Copa do Mundo de 2014.

A decisão do juiz da Lava Jato atende pedido dos investigadores pernambucanos, que querem acesso aos materiais e relatórios da força-tarefa da Lava Jato sobre a maior empreiteira do País e que podem contribuir com as investigações sobre a suspeita de superfaturamento no estádio.

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O contrato com a Odebrecht foi assinado na gestão do governador Eduardo Campos (PSB), morto num acidente aéreo em agosto de 2014 Na ocasião da operação, a PF fez buscas no escritório da empreiteira no Recife, no Comitê de Gestão Público Privada do Governo de Pernambuco (CGP), na Arena Pernambuco e em uma residência no bairro de Boa Viagem, na zona sul do Recife.

Na Arena, seis policiais apreenderam documentos e computadores.

Ninguém foi levado para prestar depoimento.

Os agentes também buscaram planilhas de custo e contratos envolvendo a construção de outros três estádios construídos ou reformados pela empreiteira: Itaquerão (SP), Maracanã (RJ) e Fonte Nova (BA). » Odebrecht oficializa negociação de delação premiada na Lava Jato, diz colunista » ‘Odebrecht é metralhadora’, diz José Sarney » Em nova missão, PF mira em pessoas ‘próximas’ de Lula e contratos da Odebrecht A PF quer comparar os custos das demais obras com os da Arena Pernambuco, que é o foco da operação.

Se forem identificadas irregularidades também nos outros estádios, as investigações devem ser ampliadas.

No total, foram cumpridos 10 mandados de buscas e apreensão em Pernambuco, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal Na época, a Polícia Federal disse que a concorrência internacional que teria sido fraudada foi firmada em fevereiro de 2010.

O contrato suspeito de superfaturamento tem data de junho de 2010, ainda em vigor, e foi firmado entre o governo de Pernambuco e a sociedade anônima Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S/A - formada pelas empresas Odebrecht Investimentos em Infraestrutura Ltda e Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S/A. » Fair Play: Edilson aponta papel de Geraldo e Paulo no Comitê Gestor das PPPs, investigado pela PF » Operação Fair Play busca documentos na sede do Comitê de Gestão Público-Privada de Pernambuco » Operação Fair Play: OAB de Pernambuco alerta para possíveis ilegalidades em ação da Polícia Federal O inquérito policial federal foi instaurado em julho de 2014 e aponta para indícios de organização criminosa para a corrupção de agentes públicos e obtenção fraudulenta de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) além da fraude em licitações.

Atualmente a Odebrecht está em processo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.