Por Fernando Holanda, pré-candidato a vereador do Recife pela Rede Sustentabilidade O volume de chuvas das primeiras seis horas desta segunda-feira (30) foi equivalente ao que se esperava para 18 dias deste mês de maio no Recife.
Entre 1h e 7h da manhã, foram mais de 200 milímetros, com concentração nas últimas horas.
Tão intenso quanto o volume de chuvas é o transtorno causado para a população, especialmente a que mora em área de morros.
LEIA MAIS: » Rede lança pré-candidatura de Fernando Holanda para vereador do Recife Ao longo do dia, fotografias e vídeos têm sido publicados na imprensa e nas redes sociais, retratando os alagamentos, congestionamentos e o mais grave: os deslizamentos de terras em áreas de morros, que concentram a maioria da população da cidade.
A morte de uma criança de apenas 4 anos de idade no bairro de Passarinho ligou definitivamente o alerta vermelho no Recife.
Uma perda irreparável.
A mobilização das equipes da Defesa Civil associada aos alertas à população é o que se deve fazer de forma imediata.
Mas e o futuro?
De que forma o Recife deve se preparar para lidar com esta situação, que é cada vez mais recorrente?
Quais são as medidas que a cidade deve tomar para combater as causas e efeitos das mudanças climáticas?
Considerada pela ONU como uma das 16 cidades do planeta que estão mais vulneráveis às mudanças climáticas, o Recife pode ser caracterizado como um grande espelho d’água.
Além de estar localizada à beira e no nível do mar, a cidade é entrecortada por rios e córregos, o que agrava o risco de chuvas e enchentes.
Instrumentos como o Plano Diretor de Drenagem Urbana e a revisão do Plano Diretor Municipal são ferramentas que podem e devem ser utilizadas para direcionar a execução de obras públicas e privadas, mas a resiliência da cidade depende diretamente da forma como esses planos são desenvolvidos.
As mudanças climáticas demandam que as séries históricas para fenômenos naturais (chuvas e ventos) sejam substituídas por análises de tendência.
Em outras palavras, o Recife precisa deixar de ser planejado com o olho no passado e precisa se preparar para o futuro.
E esse preparo, além do planejamento, passa pela execução imediata de medidas que combatam as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e seus impactos no microclima.
Alterar imediatamente a matriz energética predominante no transporte público, utilizar o urbanismo tático em larga escala para proteger as pessoas que moram em áreas de risco e executar obras de drenagem são medidas que precisam ser tomadas em paralelo, a fim de garantir que a cidade se prepara para lidar com as mudanças climáticas como alguém se prepara para sobreviver.
Priorizar esse preparo na Lei Orçamentária Anual (LOA) e na agenda do Poder Público Municipal e Estadual é uma demanda que irá confrontar paradigmas sociais e políticos históricos, mas que precisa ser atendida e de forma urgente.
A sustentabilidade do Recife não é um ideal. É condição de sobrevivência para quem vive a cidade.