Bernardo Mello Franco, na Folha de São Paulo Sérgio Machado, o novo delator da praça, é um exemplar típico do “homo brasiliensis”.
Filho de político, dono de uma emissora de TV, não teve dificuldade para comprar a entrada no Congresso.
Começou no PMDB, elegeu-se deputado e senador pelo PSDB e voltou ao partido de origem para disputar o governo do Ceará, em 2002.
Derrotado nas urnas, recorreu à proteção de amigos para continuar no poder.
Assim que o PT chegou ao Planalto, o senador Renan Calheiros o indicou para presidir a Transpetro, a subsidiária de transportes da Petrobras.
Machado chefiou a estatal por 12 anos.
Só caiu em fevereiro de 2015, depois de sucessivas licenças para tentar escapar do foco da Lava Jato.
A tática da submersão não deu certo.
Os procuradores continuaram a cercá-lo, acumulando indícios de corrupção.
Quando a prisão se tornou iminente, o peemedebista resolveu virar delator.
Pôs um gravador no bolso e saiu à caça de frases que comprometessem os padrinhos.
Sua primeira gravação derrubou o senador Romero Jucá do Ministério do Planejamento.
Nesta quarta (25), surgiram novas fitas envolvendo Renan e o ex-presidente José Sarney.
Investigadores dizem que é só o começo.
Machado teria produzido mais provas contra políticos de diferentes partidos.
Embora o principal alvo seja o PMDB de Michel Temer, PSDB e PT não têm muito o que comemorar.
Na conversa com Jucá, Machado afirma que o tucano Aécio Neves será “o primeiro a ser comido” pela Lava Jato.
Em outra gravação entregue ao Ministério Público, Sarney diz ao ex-presidente da Transpetro que Dilma Rousseff estaria “envolvida diretamente” num pedido de doações à Odebrecht.
Não é possível saber a que campanha ele se refere.
O novo homem-bomba conhece os segredos de mais gente em Brasília.
O ex-senador Delcídio do Amaral disse que sua delação vai “parecer a Disney” perto do que Machado ainda tem a revelar.
Pelo clima de tensão na capital, ele pode estar certo.