Agência Brasil - O economista Ilan Goldfajn será sabatinado na próxima quarta-feira (1°) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para o cargo de presidente do Banco Central (BC).
Ainda nesta segunda-feira (27) o relator da matéria e vice-presidente da CAE, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), vai protocolar na comissão o relatório sobre a indicação.
O conteúdo será discutido na terça-feira (31), um dia antes da sabatina, negociada com a presidente do colegiado, senadora Gleisi Hoffmann (PT-SC).
A petista concordou em abrir mão do prazo regimental de cinco dias entre a discussão e a votação da indicação, para acelerar o processo.
Segunda ela, o próprio atual presidente do BC, Alexandre Tombini, tem pressa para que Goldfjan possa participar das próximas decisões do Banco Central.
LEIA TAMBÉM » Dólar cai após confirmação de Ilan Goldfajn à frente do Banco Central » Ilan Goldfajn é o novo presidente do Banco Central Como nesse tipo de escolha o voto é secreto, caberá a Lira dizer no relatório apenas se Goldfajn está apto a exercer o cargo. “Logicamente haverá contraditório e, possivelmente, voto em separado da hoje oposição ao governo, mas com certeza dado o conteúdo do currículo do doutor Ilan – muito bom, muito consistente, muito preparado – não terá dificuldade para ser aprovado”, disse.
Ela acrescentou que o esforço dos apoiadores do governo de Michel Temer é para que Ilan Goldfajn já esteja presidindo o Banco Central na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por fixar a taxa básica de juros do país, nos dias 7 e 8 de junho. » Sancionada lei que altera meta fiscal de 2016 para déficit de R$ 170,5 bi » Meta fiscal: Congresso aprova autorização para Temer governar com rombo de R$ 170 bilhões Após a apreciação na CAE, o nome do economista precisa ser aprovado pelo plenário do Senado.
Como geralmente acontece, para acelerar o processo, essa matéria deverá seguir com pedido de urgência e, segundo adiantou Gleisi Hoffmann hoje, a votação no plenário pode ocorrer também na semana vem.
OPOSIÇÃO - A oposição já prepara os questionamentos ao economista do Banco Itaú.
Apesar de não ter colocado obstáculos à sabatina, a presidente da CAE criticou a indicação. “Do ponto de vista político é uma situação muito difícil.
Porque nós vamos ter um presidente do Banco Central que não é só economista chefe de um banco, como sócio-proprietário deste banco.
Nunca é demais lembrar que nós exigimos na saída dos presidentes do Banco Central a quarentena e não se está se exigindo nenhuma quarentena na entrada, ou seja, nós vamos ter um banqueiro no Banco Central”, disse Gleisi Hoffmann. » Dólar comercial cai após aprovação da nova meta fiscal, durante a madrugada Uma das maiores defensoras da presidenta Dilma na Casa, a senadora Vanessa Grazzition (PcdoB-AM), disse que um dos pontos que serão questionados é o que trata da autonomia do Banco Central. “Temos que desmontar essa tese.
Ele [Ilan Goldfajn] era até ontem presidente de um dos maiores banco privados do Brasil.
Isso é uma farsa, não existe independência.
Ninguém sobrevive em cima do muro”, criticou, a senadora.
Vanessa Grazzition disse ainda que o impacto de um presidente do Banco Central autônomo “é gravíssimo”. “Você não pode esperar de quem trabalhou a vida inteira para favorecer o sistema financeiro, que haja em defesa do estado brasileiro.
Claro que ele vai agir em defesa do mercado.
Para o cidadão comum, esse é o pior dos mundos.
Sem a recuperação da economia, você vai fortalecer a política ortodoxa de juros altos”, disse. » Humberto Costa afirma que meta fiscal de Temer é fictícia e repleta de maquiagens » Sessão que aprovou a alteração da meta fiscal ‘certamente’ será questionada na Justiça, diz senadora PEC - Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, disse que o governo vai enviar ao Congresso Nacional uma proposta de emenda à Constituição para garantir autonomia operacional ao BC.
Na ocasião, o ministro explicou que a autonomia para tomar decisões não se confunde com independência e com a adoção de mandatos para a diretoria do BC. “O que vai ser definido formalmente, isso é mais importante do que parece, é a autonomia técnica.
No momento, não há definição de mandato que seria o caso de uma independência formal do Banco Central, o que é uma questão que será sempre objeto de discussão”, disse.