Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Da ABr - O Diário Oficial da União publica nesta terça-feira (24) decreto com a exoneração do ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá.
Ontem, Jucá (PMDB-RR) anunciou que iria se licenciar do cargo até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele.
Antes disso, Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e chegou a dizer que não iria pedir afastamento do cargo, além de afirmar que não temia ser investigado.
LEIA MAIS: » PT vai usar crise para tentar anular impeachment » Após reunião com Temer, Romero Jucá pede licença do Ministério do Planejamento » Após gravação de Jucá, PT quer suspender sessão da comissão do impeachment e obstruir votação da meta fiscal Com a saída de Jucá do ministério, o presidente interino Michel Temer disse que o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá continuará auxiliando o governo no Congresso, após deixar o cargo.
Em nota divulgada no começo da noite, Temer agradeceu Jucá pelo trabalho desempenhado no ministério, para o qual havia sido nomeado no último dia 12. » Nova fase da Lava Jato investiga ex-assessor do PP » Romero Jucá afirma que ‘caiu a ficha do PSDB’ sobre operação Lava Jato » Temer diz que Jucá continuará auxiliando governo fora do ministério Denúncia A edição dessa segunda-feira (23) do jornal Folha de S.Paulo divulgou trechos de gravações obtidas pelo jornal que mostram conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Nas gravações, o ministro sugere que seria preciso mudar o governo para “estancar” uma “sangria”.
Segundo as informações do jornal, o ministro estaria se referindo à Operação Lava Jato, que investiga fraudes e irregularidades em contratos da Petrobras. » Veja os diálogos de Jucá sobre a Lava Jato e acordão nacional » Em diálogos gravados, Jucá fala em pacto para deter avanço da Lava Jato » Polícia Federal deflagra nova fase da Lava Jato em Pernambuco e mais dois Estados Segundo a reportagem publicada pela Folha, os diálogos ocorreram em março deste ano.
As datas não foram divulgadas, mas o jornal diz que as conversas ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
De acordo com o texto, Machado teria procurado líderes do PMDB por temer que as apurações sobre ele, que estão no Supremo Tribunal Federal (STF), fossem enviadas para o juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Nos trechos publicados, Machado diz que está preocupado com as possíveis delações premiadas que podem ser feitas. “Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não.
A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não.
Eu estou muito preocupado porque eu acho que…
O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês.
E acha que eu sou o caminho”. » Temer financiou candidaturas com doações de empresas da Lava Jato » Mensalão e Lava Jato são casos distintos, mas personagens se repetem, diz PF » Ministro da Defesa, Raul Jungmann diz que “ninguém pode sufocar a Lava Jato” Jucá responde que Machado precisava ver com seu advogado “como é que a gente pode ajudar” e cita que é preciso haver uma resposta política e mudança no governo. “Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o ministro, segundo o jornal.
No diálogo publicado, Machado diz que a “solução mais fácil” era ter o então vice-presidente Michel Temer na presidência e que seria preciso fazer um acordo. “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional” e Jucá responde: “Com o Supremo, com tudo”.
Logo em seguida Machado diz: “Com tudo, aí parava tudo” e o ministro concorda: “É.
Delimitava onde está, pronto”. » Governo Temer: vai e vem nos primeiros dias » Para Sílvio Costa, anúncio de Jucá foi ‘estabanado’ Em entrevista na manhã de ontem, Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato. “Nunca cometi e nem cometerei qualquer ato para dificultar qualquer operação, seja Lava Jato, ou qualquer outra”, disse Jucá, que também criticou a matéria da Folhapor publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.