Veja os trechos dos diálogos publicados pela Folha de São Paulo Data das conversas não foi especificada SÉRGIO MACHADO - Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.

ROMERO JUCÁ - Eu ontem fui muito claro. […]Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está.

Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia.

Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma.

Concorda comigo?

O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?

MACHADO - Agora, ele acordou a militância do PT.

JUCÁ - Sim.

MACHADO - Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.

JUCÁ - Eu acho que…

MACHADO - Tem que ter um impeachment.

JUCÁ - Tem que ter impeachment.

Não tem saída.

MACHADO - E quem segurar, segura.

JUCÁ - Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.

MACHADO - Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.

JUCÁ - Exatamente, e vai sobrar muito.

O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.

MACHADO - Odebrecht vai fazer.

JUCÁ - Seletiva, mas vai fazer.

MACHADO - Queiroz [GALVÃO]não sei se vai fazer ou não.

A Camargo [CORRÊA]vai fazer ou não.

Eu estou muito preocupado porque eu acho que…

O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês.

E acha que eu sou o caminho. […]JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […]Tem que ser política, advogado não encontra [INAUDÍVEL].

Se é político, como é a política?

Tem que resolver essa porra…

Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria. […]MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [TEMER].

JUCÁ - Só o Renan [CALHEIROS]que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’.

Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

JUCÁ - Com o Supremo, com tudo.

MACHADO - Com tudo, aí parava tudo.

JUCÁ - É.

Delimitava onde está, pronto. […]MACHADO - O Renan [CALHEIROS]é totalmente ‘voador’.

Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo.

Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele.

Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele.

Ele não compreendeu isso não.

JUCÁ - Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem. * MACHADO - A situação é grave.

Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…

JUCÁ - Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…

MACHADO - Isso, e pegar todo mundo.

E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

JUCÁ - Caiu.

Todos eles.

Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].

MACHADO - Caiu a ficha.

Tasso [JEREISSATI]também caiu?

JUCÁ - Também.

Todo mundo na bandeja para ser comido. […]MACHADO - O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

JUCÁ - Todos, porra.

E vão pegando e vão…

MACHADO - [SUSSURRANDO]O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.

JUCÁ - Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso.

Veja a hora que você quer falar.

MACHADO - Porque se a gente não tiver saída…

Porque não tem muito tempo.

JUCÁ - Não, o tempo é emergencial.

MACHADO - É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês.

JUCÁ - Vá atrás.

Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? […]Eu acho que você deve procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.

MACHADO - Acha que não pode ter reunião a três?

JUCÁ - Não pode.

Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver.

Os caras já enxergam outra coisa que não é…

Depois a gente conversa os três sem você.

MACHADO - Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande. * MACHADO - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…

JUCÁ - Não, esquece.

Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.

MACHADO - O Aécio, rapaz…

O Aécio não tem condição, a gente sabe disso.

Quem que não sabe?

Quem não conhece o esquema do Aécio?

Eu, que participei de campanha do PSDB…

JUCÁ - É, a gente viveu tudo. * JUCÁ - [EM VOZ BAIXA]Conversei ontem com alguns ministros do Supremo.

Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [INAUDÍVEL]sem ela [DILMA].

Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’.

Entendeu?

Então…

Estou conversando com os generais, comandantes militares.

Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir.

Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.

MACHADO - Eu acho o seguinte, a saída [PARA DILMA]é ou licença ou renúncia.

A licença é mais suave.

O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo.

Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais.

Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito. [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava jato] JUCÁ - Os caras fizeram para poder inviabilizar ele de ir para um ministério.

Agora vira obstrução da Justiça, não está deixando o cara, entendeu?

Foi um ato violento…

MACHADO -…E burro […]Tem que ter uma paz, um…

JUCÁ - Eu acho que tem que ter um pacto. […]MACHADO - Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.

JUCÁ - Não tem. É um cara fechado, foi ela [DILMA]que botou, um cara…

Burocrata da…

Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça].