A universalização do acesso à internet no Brasil injetaria 152 bilhões de dólares na economia brasileira até 2020, relevou estudo “Connecting the World” da Strategy&, consultoria de estratégia da PwC.
No mundo todo, o impacto no PIB seria de 6,7 trilhões de dólares.
Além disso, 7% da população mundial, cerca de 500 milhões de pessoas, sairiam da condição de pobreza.
Segundo o relatório, 56% da população mundial, cerca de 4 bilhões de pessoas, está desconectada.
Com a inclusão digital, haveria cinco usuários de países em desenvolvimento para cada um de países desenvolvidos.
Hoje, a relação é de dois para um.
A inclusão digital beneficiaria setores diversos da economia global.
O mercado de telecom poderia crescer em 400 bilhões de dólares e os provedores de conteúdo, 200 bilhões de dólares em cinco anos. “A universalização do acesso à internet no Brasil e no mundo é um dos grandes desafios a serem enfrentados, pois tirará milhões de pessoas da pobreza, dará oportunidades de crescimento a elas, além de gerar mais negócios para empresas de diversos setores”, diz Ivan de Souza, sócio da Strategy& no Brasil. “Para isso, precisamos de internet barata, de fácil acesso e com conteúdo relevante para todos.” O estudo, desenvolvido para o Facebook, analisou 120 países por um período de dez anos e mostra como a internet mudaria com a entrada desses novos usuários.
Além de mensurar o impacto na economia, o estudo sugere dez maneiras para universalizar o serviço (veja lista no final do texto).
Essas dez medidas estão divididas em três áreas: conectividade, conteúdo e acesso subsidiado em pontos de venda de produtos e serviços.
Reduzir o custo do acesso à internet é a primeira medida para a universalização dos serviços.
Segundo o estudo, é preciso uma queda de 70% no preço para que a inclusão digital alcance 80% da população mundial.
No Brasil, a redução no custo deve ser de 68%. É mais do que no México (60%) e Índia (66%), mas menos do que na China (81%) e Vietnã (76%).
O desafio nessa área é grande porque é necessário reduzir o preço e, ao mesmo tempo, investir no acesso para populações que vivem em áreas sem cobertura – um investimento alto.
A conexão em boa parte dos países em desenvolvimento é feita em 2G, uma tecnologia defasada em 20 anos e ineficiente.
O 2G, por exemplo, que não permite alta velocidade de transmissão de dados, é uma barreira ao uso de streaming, tecnologia usada pelos fornecedores legais de música e vídeos legalizados.
Na prática, a limitação tecnológica incentiva o download de conteúdo de sites piratas.
A mudança para a 3G ou 4G favoreceria o streaming e reduziria a circulação de conteúdo ilegal, beneficiando a indústria como um todo.
A segunda medida é a produção de conteúdo local.
Hoje, boa parte do conteúdo é produzida pelos países desenvolvidos para atender demandas de seus habitantes.
Uma alternativa apontada pelo estudo é investir em conteúdo ligado à educação e aos serviços públicos.
E a terceira medida são ações inclusivas pontos de venda de produtos e serviços, como estratégias de marketing que permitam o acesso a novos usuários.
Um exemplo: cyber cafés.
Cerca de 53% do primeiro acesso à internet em Gana, Zâmbia e Quênia ocorreu nesses locais.
E, entre os canais de acesso, cyber cafés são o segundo mais popular, com 41% dos acessos nos últimos 12 meses, atrás apenas de smartphones (71%) nesses três países.
Essas ações têm potencial para tirar da exclusão virtual 500 milhões de pessoas no mundo.
As 10 medidas para inserir novos usuários: Conectividade 1.
Transição da tecnologia 2G para outra mais avançada: Internet torna-se mais acessível 2.
Melhorar a distribuição de conteúdo: Facilitar o download de conteúdo legal para o consumo offline 3.
Expandir e melhorar a infraestrutura de internet nacional e internacional e reduzir os custos de conexão Conteúdo 4.
Produzir conteúdo educacional relevante, dando uma razão para as pessoas se conectarem 5.
Disponibilizar serviços sociais online, facilitando a interação dos cidadãos com os governos locais 6.
Oferecer conteúdo economicamente relevante: as pessoas se tornam mais propensas a acessar a internet se isso significar mais oportunidades de aprendizado, aumento de renda e acesso ao mercado de trabalho Ações inclusivas em pontos de venda 7.
Criar um modelo de venda que passe a percepção ao novo usuário de que a internet vai agregar valor para eles 8.
Subsidiar o acesso, tornando-0 mais barato à população de baixa renda 9.
Propostas simples de valor para reduzir o risco financeiro dos novos usuários 10.
Usar novas tecnologias para inserir a população que vive em locais mais remoto