Estadão Conteúdo - Antes mesmo de assumir Presidência da República, Michel Temer solicitou uma reunião com o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.

O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, no mesmo dia - 11 de maio - em que o Senado iniciou a votação para a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que determinou o afastamento da petista por um período de até 180 dias.

LEIA MAIS: » Para Humberto, Temer quer recriar “engavetador-geral da República” » Juiz Sérgio Moro condena José Dirceu a 23 anos de prisão na Lava Jato » Posse de ministros de Temer confirma ausência de mulheres no primeiro escalão » Michel Temer assina notificação de posse como presidente interino Considerado ponto nevrálgico do atual momento do País, a Operação Lava Jato tem merecido atenção especial do presidente em exercício. É por esse motivo que Temer tem insistido - tanto publicamente quanto reservadamente - que não fará nenhuma interferência nas ações do Ministério Público ou da Polícia Federal sobre o caso.

A operação tem como alvo aliados de Temer e até ministros de Estado, como Romero Jucá (Planejamento). “Ele nos chamou para falar sobre a Lava Jato.

Afirmou que considera a operação fundamental para o País.

E pediu que levássemos esse recado para a categoria”, disse Cavalcanti à reportagem. “Ele respeita a autonomia das instituições.

Não faria sentido um governo dele representar um retrocesso”, completou o presidente da entidade dos procuradores. » “Não fale em crise, trabalhe”, diz Michel Temer em discurso de posse » Michel Temer assina notificação de posse como presidente interino do Brasil » Raul Jungmann toma posse na Defesa e elogia comportamento das Forças Armadas no impeachment O gesto de Temer repercutiu de forma positiva.

Prova disso é que não houve reação brusca da ANPR ao posicionamento do novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, sobre o uso de lista tríplice para a escolha do procurador-geral da República.

Em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo na segunda-feira, 16, Moraes afirmou que não há previsão constitucional para definição de um dos três nomes mais votados pelos procuradores, apesar de ser um costume adquirido desde 2003 no País. » Janot denuncia senadora Gleisi e ex-ministro Paulo Bernardo na Lava Jato » Lava Jato denuncia Gim, Odebrecht, Marcos Valério, Delúbio, Ronan e mais 15 » TSE nega recursos de Dilma e Temer para excluir Lava Jato de ação “Curto-circuito” Logo após a publicação da entrevista, Temer divulgou uma nota à imprensa em que deixou claro que o uso da lista tríplice seria mantido por ele. “Esse posicionamento do presidente Temer não nos surpreendeu.

Sempre soubemos que ele era a favor do uso da lista como critério de escolha”, afirmou Cavalcanti.

O presidente da ANPR disse ainda que o episódio não comprometerá a gestão do novo ministro da Justiça. “Foi um curto-circuito.

O ministro Alexandre de Moraes tem origem no Ministério Público.

Foi promotor de Justiça”, disse. » Ministro da Justiça nega mal-estar com Michel Temer » Janot acusa Lula de ter ‘papel central’ na tentativa de obstruir Lava Jato » Aliado de Cunha, novo líder do governo na Câmara é investigado pela Lava Jato No seu primeiro pronunciamento como presidente em exercício, no Salão Leste do Palácio do Planalto, Temer disse que a Operação Lava Jato tornou-se uma “referência”.

Apesar do bom relacionamento com a ANPR, Temer foi criticado quando aventou a possibilidade de nomear o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira para o Ministério da Justiça.

No fim de abril, quando o nome do criminalista foi cotado com mais força, o presidente da associação chegou a declarar que o então futuro governo Temer “estava esbofeteando as pessoas que foram para as ruas lutar contra a corrupção”.

Isso porque Mariz havia sido um dos signatários de um abaixo-assinado contra a Lava Jato. » Empresas da Lava Jato doaram a 12 ministros de Temer » Janot pede mais prazo no inquérito da Lava Jato sobre Fernando Bezerra Coelho » Cunha entra com recurso para reverter ação que o transformou em réu na Lava Jato Conselho Na quarta-feira, 18, foi realizada a eleição para duas vagas no Conselho Superior do Ministério Público Federal.

A disputa é uma espécie de prévia para a formação da próxima lista tríplice para a escolha do futuro procurador geral da República, em 2017.

Saíram vencedores os subprocuradores Raquel Dodge e Mario Bonsaglia (reeleito). » Enquete: Você aprovou a extinção do Ministério da Cultura? » Artistas protestam contra fim do Ministério da Cultura no Recife » Novo ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho, diz que projetos que dependem da Lei Rouanet serão mantidos No ano passado, os dois já haviam composto a lista tríplice cujo primeiro colocado foi Rodrigo Janot, atual procurador-geral da República.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo