Recife está entre as 14 cidades que tiveram prédios do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Fundação Nacional de Arte (Funarte) ocupados em protesto contra a extinção da pasta e a incorporação dela à de Educação, com o pernambucano Mendonça Filho (DEM) à frente.

LEIA TAMBÉM » Mendonça Filho culpa Dilma por dívida da Cultura e faz planos para 2017 Na capital pernambucana, artistas e integrantes de movimentos sociais estão no prédio do Iphan, no bairro da Soledade, na área central do Recife, desde essa terça-feira (17), fazendo intervenções artísticas e apresentações culturais, além de debates.

Leia a nota divulgada pelos manifestantes: “O Ocupa MinC PE é um movimento autônomo, suprapartidário e autogestionado iniciado como resposta à extinção do Ministério da Cultura (MinC).

Nos somamos às ocupações nacionais de resistência que se levantam devido a mais este ataque à cidadania no Brasil.

A extinção do Ministério da Cultura representa a intenção de desmonte de instituições responsáveis por políticas públicas de desenvolvimento social, diversidade, respeito às diferenças e a emancipação de cidadãos e cidadãs.

O fim do MinC simboliza o retrocesso dos direitos conquistados, e afeta diretamente a parcela mais vulnerável da população Brasileira.

Se por um lado um Ministério como o da Cultura é um espaço central para a formulação de políticas públicas, a ocupação é o lugar da resistência da sociedade civil organizada no momento em que políticas públicas fundamentais são removidas.

Quando um grupo de políticos ligados aos interesses econômicos mais retrógrados e elitistas se articula para desestabilizar a democracia e, como parte desse processo, tentam sufocar os espaços da cultura, atacam diretamente as expressões e identidades da periferia, das negras e dos negros, povos indígenas, comunidades quilombolas, LGBTTs, das e dos trabalhadorxs da cultura, das diversas linguagens artísticas e no patrimônio histórico cultural brasileiro.

Consideramos ainda que são pequenos os avanços conquistados anteriormente e queremos mais, caminhamos a passos lentos e suados, não admitimos caminhar pra trás, e a luta não é apenas para voltar ao que era antes e sim avançar cada vez mais na nossa frágil democracia.

O golpe consolidado no Brasil ataca esses espaços por medo, sabem que a cultura é um espaço de formação.

Nossa resistência e construção democrática da cultura é aberta, coletiva e pretende agir em função da transformação social.

Direitos não são negociáveis.

Não há diálogo possível com governo ilegítimo.

E nossa mobilização continuará resistindo até que um governo legítimo seja reestabelecido.” » Após negativas de mulheres, diplomata é confirmado na Secretaria Nacional de Cultura » Renan se compromete em recriar Ministério da Cultura por emenda no Congresso » Senado convoca Mendonça Filho para explicar fim do Ministério da Cultura Em nota, a superintendência do Iphan afirmou que “vem obtendo a cooperação dos manifestantes no sentido de permanecerem em áreas externas, preservarem os acessos e espaços públicos e não afetarem o funcionamento e a segurança das unidades.

O acesso à área externa do prédio é livre no horário de expediente e não há registros de incidentes ou interrupções das atividades do Iphan, que seguem normalmente.

No entanto, como o prédio é tombado e possui valiosas obras, o controle de entrada é mais rígido.

Essa medida, que foi acordada com os manifestantes desde o primeiro dia da ocupação, visa principalmente evitar qualquer risco ao Patrimônio Cultural protegido.” » Novo ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho, diz que projetos que dependem da Lei Rouanet serão mantidos » Artistas protestam contra fim do Ministério da Cultura no Recife » Federais de Pernambuco já cobram mensalidades, mas têm dúvidas sobre projeto do MEC » MEC deve apoiar cobrança de mensalidades se universidades públicas quiserem » Mendonça Filho é recebido sob protestos no ministério e artistas prometem ato no Recife