Estadão Conteúdo - O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) disse que o PT “não inventou a corrupção na Petrobras”.

O ex-parlamentar, que atuou durante décadas no setor energético, afirmou, contudo, que, com o Partido dos Trabalhadores, houve uma “sistematização” da atuação partidária para operar desvios na Petrobras e em outras estatais.

LEIA MAIS: » Delcídio do Amaral dá entrevista ao Roda Viva nesta segunda » Cassação de Delcídio do Amaral deve levar denúncia contra Lula para Sérgio Moro “Realmente, esse processo foi num crescendo.

Qual a diferença (em relação a governos anteriores)?

Começou a haver uma espécie de atuação sistêmica nas diretorias e atuação partidária muito mais ampla, concatenada, com participação das principais lideranças partidárias que compunham a base do governo Lula e Dilma.

Deu no que deu”, afirmou o senador cassado no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Segundo Delcídio, desde o governo FHC, Itamar e anteriores, havia corrupção nas estatais, mas não de forma tão sistematizada Para explicar, ele relatou que governos anteriores ao PT não chegavam ao “detalhe” de indicar gerentes e chefes de departamento ligados a partido. “O diretor ajustava sua equipe, não tinha isso de colocar em todos os espaços alguém ligado a partido”.

Lula e Dilma sabiam Questionado se corroborava a afirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente afastada Dilma Rousseff sabiam do esquema de corrupção, Delcídio repetiu que sim.

Para o ex-senador, a argumentação de que Lula não sabia dos desvios ou que Dilma recebeu um parecer “falho” para decidir sobre o investimento na refinaria de Pasadena é assumir que as pessoas são “idiotas”. “Tenha paciência, é achar que todo mundo é ignorante, idiota.

A Petrobras sempre foi do presidente.” » Senado começa sessão para votar cassação de Delcídio » Delcídio diz que Renan promoveu ‘manobra típica do gangsterismo’ » Senado aprova cassação de Delcídio do Amaral.

Renan Calheiros atende último pedido de Dilma Presidente do Conselho da Petrobras à época da aquisição de Pasadena, Dilma alegou ter recebido um parecer falho da diretoria Internacional para chancelar o negócio.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a compra da refinaria rendeu um prejuízo de quase US$ 800 milhões à Petrobras. “Nas estatais, especialmente na Petrobras, não há a possibilidade de você levar um processo (parecer) incompleto pra diretoria, pro conselho de administração”, afirmou Delcídio ao citar todas as instâncias internas da companhia pelas quais passam esse tipo de documento. » Conselho de Ética aprova cassação de Delcídio do Amaral por unanimidade » STF nega liminar de Delcídio do Amaral contra atos do Conselho de Ética » Defesa de Delcídio pede suspeição de senadores de Conselho de Ética Questionado se a então presidente da República mentiu sobre o caso, Delcídio respondeu afirmativamente. “Absolutamente, ela não assumiu a responsabilidade que era dela.” Delcídio repetiu também a alegação que, sob comando direto de Dilma, negociou a indicação de Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em troca da decisão favorável a liberação da prisão de empreiteiros implicados na Operação Lava Jato. » Dilma: denúncias do senador Delcídio são levianas e mentirosas » Dilma ataca oposição, nega que vá renunciar e se diz ‘injustiçada’ » Janot decide pedir para STF abrir inquérito contra Dilma por obstruir a Lava Jato » Dilma diz que pedido de renuncia equivale a colocar impeachment para debaixo do tapete Segundo o ex-senador, ele cobrou em conversa com Navarro, no térreo do Palácio do Planalto, em uma “salinha”, que ele cumprisse o compromisso de liberar determinadas pessoas que estavam presas em Curitiba. “Ele disse: Sei muito bem da minha tarefa.

Eu fui chamado na época de mentiroso, mas o tempo é o juiz das coisas.

O Marcelo Odebrecht, em delação agora, confirmou essa história”, disse.

Sobre Lula, Delcídio repetiu que o petista pediu que ele solucionasse o “problema” com Nestor Cerveró - que estava preso e com suspeita que fecharia acordo de delação. “Ele (Lula) me disse: precisamos resolver essa questão.” » Pernambuco tem 38 Lulas; 1,5 mil Dilmas e 258 Aécios » Delcídio Amaral pede mais 100 dias de licença por ‘interesses particulares’ » Vídeo: Senador compara governo Dilma a ‘doente terminal’ em comissão do impeachment Aécio e PMDB Apesar de confirmar a informação de que o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, teria envolvimento nos desvios de Furnas, Delcídio evitou frisar a suposta culpa do tucano.

Disse apenas que, com a evolução da Lava Jato, a questão vai se esclarecer, pois Furnas é a “joia da Coroa” - tem atuação no setor energético do Sudeste, a região mais valorizada do País - e há muita informação nas investigações sobre desvios envolvendo ela. “Não está tão difícil rastrear de onde vem, pra onde vai e quem recebe.

As evidências e o histórico de Furnas são inapeláveis.” » Delcídio do Amaral, senador do PT, é preso » Janaína Paschoal grita com senador e leva bronca do presidente de comissão » Vídeo: ‘Gemido constrangedor’ interrompe discussão em comissão do impeachment » Dilma Rousseff visita Pernambuco em dia de votação do relatório do impeachment no Senado A respeito do PMDB, Delcídio disse que o partido teve uma “posição proeminente” nos desvios em estatais. “Isso vai aparecer nitidamente”, disse ao citar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - a quem chamou de “cangaceiro”, o senador licenciado e agora ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR) e o senador Edison Lobão (PMDB-MA).