Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil/Fotos Públicas Estadão Conteúdo - A disputa pela liderança do governo na Câmara colocou em lados opostos o grupo do presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do comando da Casa por decisão do Supremo Tribunal Federal.

LEIA MAIS: » Michel Temer afirma que não será candidato à reeleição em 2018 » Movimentos sociais fazem ato contra Temer na Praça do Derby » Manifestantes protestam contra Temer em frente ao Palácio do Planalto » Mudanças na Previdência: Temer convoca reunião com centrais sindicais No páreo pela condução das discussões e votações dos projetos do novo governo no plenário está o líder do PSC, André Moura (SE), e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O primeiro é ligado a Cunha e representa o grupo de partidos conhecidos como centrão, integrado também por PR, PP, PSD e PTB.

Já Maia conta com o patrocínio de Moreira Franco, braço direito de Temer que, atualmente, é responsável pelo Programa de Parceria de Investimentos do governo.

O embate revela também uma disputa por quem deve dar as cartas na Casa na gestão Temer.

Isso porque Rodrigo Maia representa o grupo de legendas que fizeram oposição ao governo Dilma, como DEM, PSDB e PPS, as quais, cada qual a seu tempo, se posicionaram a favor do afastamento de Cunha da presidência da Câmara.

Moura pertence ao centrão, é apadrinhado por Cunha e pretende manter o protagonismo na Casa na atual legislatura. » Quem vai defender Temer no Senado? » Temer pede que não se fala em crise e trabalhe.

Metroviários anunciam greve » Como o Ministério das Minas e Energia, agora com o grupo de FBC, poderia ajudar Pernambuco A disputa entre os dois grupos tem desagradado aos ministros palacianos e será motivo de discussão com o presidente em exercício ao longo desta semana.

A avaliação é de que não dá para a liderança de governo virar alvo de disputa dentro da base de Temer logo na sequência de ele assumir a Presidência da República.

Apesar do descontentamento com a cizânia, dentro do Palácio do Planalto Rodrigo Maia é visto como o nome mais cotado para assumir a liderança do governo, principalmente porque ajudaria a desvincular, em parte, as imagens de Temer e Cunha.

No entanto, como Temer tampouco quer se indispor com Cunha, que ainda mantém grande influência na Câmara, uma das alternativas estudadas para evitar desgastes iniciais na base aliada é dividir as atribuições entre os dois deputados. » Empresas da Lava Jato doaram a 12 ministros de Temer » Parlamentares pressionam Senado para dar andamento ao processo de impeachment » Primeiro fim de semana de Michel Temer como presidente interino é sem compromissos oficiais Nesse sentido, Moura ficaria como primeiro vice-líder do governo e atuaria mais na costura dos acordos e articulação nos bastidores para a votação das propostas de interesse.

Já Maia desempenharia uma função de embate ideológico e enfrentamento da oposição na tribuna da Casa.

Dentro da disputa pelo comando da liderança também há um componente regional em razão de Eduardo Cunha e Moreira Franco terem um histórico de desentendimento na condução do PMDB carioca.

Liderança do PMDB Além do desentendimento para definir com quem ficará a condução das votações do novo governo, Temer também tem no horizonte um embate dentro da própria bancada do PMDB da Câmara.

Com a indicação do deputado Leonardo Picciani (RJ) para o Ministério dos Esportes, disputam a liderança do partido os deputados Leonardo Quintão (MG) e Baleia Rossi (SP).

Segundo Quintão, que ocupa a vice-liderança, “a grande maioria” da bancada tem se posicionado a favor de um acordo para que não seja realizada eleição para ele continuar no cargo.

O deputado mineiro considera que o processo pode dividir o partido e prejudicar o início do mandato do governo de Temer. » Parlamento predomina em ministério de Michel Temer » Afastamento de Dilma “é um passo para o golpe”, diz grupo do Parlamento Europeu » “Temer conseguiu reunir o que há de mais conservador na política”, diz Humberto Costa “Sem PMDB em sintonia não teremos condições de aprovar matérias na Casa”, afirma o deputado.

Em tom mais ameno, Baleia Rossi disse que vai propor um encontro nesta segunda-feira, 16, com Quintão e trabalhar por um acordo. “O importante agora é a unidade da bancada, é buscarmos um entendimento para evitar uma disputa desnecessária.” Segundo a reportagem apurou, Rossi, presidente estadual do PMDB de São Paulo e ligado a Temer, é considerado dentro do Palácio do Planalto o nome mais cotado para assumir a liderança.