Brasília - O presidente interino Michel Temer durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Valter Campanato/Agência Brasill) Estadão Conteúdo - O presidente em exercício Michel Temer deu prioridade a nomes de políticos para a equipe de governo, com foco na experiência no Congresso.

Dos 23 ministros, 19 são ou foram deputados, senadores ou dirigentes partidários.

Três nunca tiveram atividade partidária direta e um, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, chegou a ser eleito deputado pelo PSDB goiano, foi filiado ao PMDB e hoje é do PSD.

Ao todo, Temer contemplou 11 partidos.

LEIA TAMBÉM: » Afastamento de Dilma “é um passo para o golpe”, diz grupo do Parlamento Europeu » Parlamentares pressionam Senado para dar andamento ao processo de impeachment O peemedebista almejava o que foi definido como Ministério de “notáveis”, mas acabou cedendo à pressão dos partidos para manter o compromisso de reduzir o tamanho do primeiro escalão.

O principal exemplo se deu com a Saúde.

Temer queria que o PP avalizasse o nome do cirurgião paulista Raul Cutait.

A bancada da sigla na Câmara não gostou da ideia e ameaçou boicotar o novo governo em votações na Casa.

Com a pressão, o deputado Ricardo Barros (PR) levou o cargo.

A pressão dos partidos fez com que o desenho da Esplanada mudasse constantemente.

O PRB, por exemplo, começou pedindo a Agricultura.

Após pressão do setor por um nome ligado à área, Temer ofereceu em troca Ciência e Tecnologia.

A legenda anunciou para o posto o presidente do partido, o advogado e bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira.

Nova leva de críticas.

Por fim, com a fusão da pasta com Comunicações, Pereira foi para o Ministério do Desenvolvimento. » Quem vai defender Temer no Senado? » Temer pede que não se fala em crise e trabalhe.

Metroviários anunciam greve » Como o Ministério das Minas e Energia, agora com o grupo de FBC, poderia ajudar Pernambuco O PMDB de Temer ficou com sete ministérios.

Desses, três são parlamentares: os deputados Leonardo Picciani (Esporte) e Osmar Terra (Desenvolvimento Agrário e Social) e o senador Romero Jucá (Planejamento).

Também há os ex-deputados Helder Barbalho (Integração Nacional) e Henrique Alves (Turismo).

Tucanos Um dos principais fiadores do impeachment de Dilma, o PSDB terá três integrantes no governo Temer.

Desses, dois são parlamentares: o senador José Serra (Relações Exteriores) e o deputado Bruno Araújo (Cidades), próximo do presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG).

A legenda indicou o ministro da Justiça: o ex-procurador de Justiça e advogado Alexandre de Moraes, que deixou a pasta da Segurança Pública do governador Geraldo Alckmin (PSDB). » Por 55 votos a 22, Senado abre impeachment e Dilma é afastada » #TchauQuerida: Dilma é afastada e internet não perdoa; veja memes » Michel Temer assina notificação de posse como presidente interino do Brasil PP e PSD indicaram cada um dois representares.

No caso do PP, são dois parlamentares: o deputado Ricardo Barros (Saúde) e o senador Blairo Maggi (Agricultura), que deixou o PR e se filiou ao partido na quarta-feira, 11.

Ainda assim, Temer não conseguiu agradar a todos.

Um dos principais articuladores do impeachment na Câmara, o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), reclamou porque o partido ficou sem ministério.

Paulinho da Força chegou a negociar com Temer o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Com a fusão da pasta com o Desenvolvimento Social, o partido, que tem 14 deputados, ficou sem vaga na Esplanada. » Veja perfil dos 23 ministros da equipe de Michel Temer » PT do Recife ironiza ministério dos “notáveis” de Temer » Posse de ministros de Temer confirma ausência de mulheres no primeiro escalão Lava Jato A equipe de Temer também tem três alvos da Operação Lava Jato: Romero Jucá, Henrique Alves e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA), que assumirá a Secretaria de Governo.

Os dois últimos passam a ter foro privilegiado e, agora, só podem ser investigados perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Às vésperas de assumir o cargo, Temer disse que o fato de ser investigado não seria impeditivo para a nomeação de seus auxiliares.

Jucá é investigado por suposto recebimento de dinheiro desviado da Petrobras e do setor elétrico.

Um inquérito apura se ele cometeu crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Recentemente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de novas linhas de investigação contra Jucá e outros integrantes da cúpula do PMDB por possível envolvimento em desvio de recursos das obras da Hidrelétrica de Belo Monte e outros projetos do Ministério de Minas e Energia.

Jucá também é alvo de inquérito ligado à Operação Zelotes, esquema de lobby envolvendo MPs.

Jucá nega envolvimento em qualquer crime. » “Não fale em crise, trabalhe”, diz Michel Temer em discurso de posse » Quatro pernambucanos entre os ministros de Temer; Fernando Filho é novidade na Minas e Energia Henrique Alves teve a casa como alvo de busca de uma fase da Lava Jato, batizada de Catilinárias.

Geddel foi citado em mensagens interceptadas, mas não é alvo direto de investigação.

Tanto Alves quando Geddel admitem ter tratado com o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, de questões de interesse dele, mas negam irregularidades.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.